Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Atenção ao comportamento infantil é chave para descoberta do bullying

Envolverde
 
por Sueli Bravi Conte* – 
Passam os anos e alguns assuntos, infelizmente, não saem do radar dos pais, educadores e profissionais da psicologia. Um deles certamente é o Bullying. Para que o tema possa ser discutido claramente e, mais ainda, para que os pais consigam identificar se seus filhos sofrem com o problema, é importante entender do que se trata. Neste caso, quanto mais informação, melhor. Então, vamos à definição: Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. O termo surgiu a partir do inglês bully, palavra que significa tirano, brigão ou valentão, na tradução para o português. No Brasil, o bullying é traduzido como o ato de bulir, tocar, bater, socar, zombar, tripudiar, ridicularizar, colocar apelidos humilhantes, etc.

Para identificar se uma criança sofre com uma das práticas acima, observe seu comportamento. Normalmente, a criança que sofre bullying sai da escola infeliz, cabisbaixa e quando os pais perguntam se “está tudo bem”, a resposta é sempre positiva. Mas, no geral, a criança fica mais calada, contida, se torna agressiva ou mais introvertida. Claro, isso depende de cada criança. Também é possível detectar o sofrimento por bullying através de um choro por motivos banais ou brigas em casa, sem motivos aparentes, por exemplo. A tendência é de que a criança ou adolescente se isole e agrida as pessoas que mais gosta. Trata-se de uma forma de se vingar em outras pessoas, já que não consegue fazê-lo na escola ou com os “amigos” que estão praticando o bullying com ele.
É importante ressaltar que estes atos não são isolados! São praticados constantemente e, para quem é alvo, fica como um martelo batendo na cabeça e sendo repetido pelo cérebro. A criança ou adolescente não consegue mais manter a concentração na escola e em casa e fica o tempo todo pensando no que escuta, vivencia ou sente.
O assunto precisa ser tratado com seriedade pelos pais e responsáveis. É interessante que encarem as situações juntos, sem pressionar os filhos a reagir ou fazer com que ele se sinta pior lhe dizendo que deve deixar para lá. Incentive-o a falar sobre o assunto, sobre como se sente, quem são estas pessoas que estão fazendo isto com ele. Além disso, é essencial elevar a autoestima destas crianças e, se perceberem que o caso é ainda mais sério, procurar a escola e pedir ajuda. Neste momento, é relevante pedir discrição para lidar com o assunto, pois expor o menor não irá ajudar. Ao contrário, apenas irá incentivar os colegas a aumentar a prática. Em paralelo, vale buscar a ajuda de um profissional mais experiente na área, como um psicólogo.
Mas o cuidado em relação ao bullying não deve ter como foco apenas quem sofre o problema mas, também, em quem pratica! Se seu filho não dá indícios de que sofre bullying, observe se ele não pratica a agressão. Quem pratica bullying tem alguns comportamentos que valem ser observados: está sempre feliz, pois humilhar o outro lhe dá um certo prazer; tem pressa para chegar cedo na escola, por exemplo. Já em casa, gosta de estar sempre em lugares como o quarto, com aparelhos eletrônicos nas mãos, conversando com outros amigos online para tramar o que irão fazer no dia seguinte. Pais atentos podem, sim, monitorar as conversas dos filhos com os amigos. Sempre que puderem devem procurar a escola e relatar o que estão observando em casa. A criança que pratica bullying nutre um tipo de felicidade e sarcasmo ao mesmo tempo. Em alguns casos, eles ficam até mais criativos e, para enganar os adultos, se mostram muito próximos e se fazem de amigos dos colegas com os quais praticam o bullying. A observação das famílias quanto ao comportamento dos filhos é fundamental.
Aliás, é papel dos pais orientar os filhos, impor limites e, principalmente, verificar quem são seus colegas. Aproximar as famílias e solicitar a ajuda da escola e de um psicólogo, quando identificar que seu filho pratica ou sofre bullying é imprescindível, pois nestes casos, sofre quem é vítima, mas sofre também quem o pratica, porque seu prazer vem apenas do menosprezo e da vergonha que causa no outro e é claro que esta criança e/ou adolescente não está saudável. Existe um buraco emocional que o impede de ser feliz de outra maneira, que não o deixa perceber como é difícil ser humilhado. Assim, ele também está passando por uma situação de desconforto e estas sensações devem ser tratadas com paciência. Em paralelo, é importante mostrar a essa criança ou adolescente que existe um outro universo, falar de valores, deixá-los sentir como pode ser bom ser feliz sem a necessidade de ofender, humilhar, denegrir a imagem do outro.
Por fim, deixo alguns conselhos: crianças devem usar a internet sempre perto dos pais, com orientação, limites e vigilância. E, claro, é importante atentar para a idade da criança que faz uso da tecnologia, afinal, o acesso está livre cada vez mais cedo. Elas ainda não têm autonomia para navegar sozinhos. Orientar e vigiar é fundamental, assim como escolher os sites que a criança pode acessar. Manter uma senha de acesso no computador é primordial. Com os adolescentes o cuidado deve ser redobrado. Atenção à Deep Web ou Dark Web, ou seja, o submundo da Internet. Lá eles podem encontrar jogos mortais, sites pornográficos, vendas de drogas, armas e tudo que pode influenciar o caráter de maneira negativa. A escola também tem um papel importante neste processo, orientando-os a buscarem bons sites para navegar. Porém, o maior perigo está dentro de casa, nos quartos, quando estão solitários com suas máquinas. Assim, evitem deixá-los sem fazer nada e com o tempo ocioso. Se possível, matriculem seus filhos em cursos extracurriculares para que tenham o dia e mente ocupados, como inglês, academias, judô, futebol, música. Veja o que eles mais gostam e busquem explorar esta área.
Para finalizar, volto ao mesmo ponto e que faço questão de enfatizar: a participação familiar, os hábitos e a maneira como educam suas crianças são pontos importantíssimos e diferenciais essenciais para ter filhos com cabeça saudável e que possam interagir e participar na sociedade sem se deixar contaminar por ambientes obscuros, que podem danificar, para sempre, o emocional destes adolescentes!
*Sueli Bravi Conte é educadora, psicopedagoga, doutoranda em Neurociência e mantenedora do Colégio Renovação, instituição de ensino com mais de 30 anos de atividades e que atua da Educação Infantil ao Ensino Médio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário