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sexta-feira, 5 de abril de 2019

Primeira revista feminista para meninas da França defende empoderamento desde a infância

Índice de Tchika traz matérias sobre mulheres que marcaram a história, como a artista mexicana Frida Kahlo e ativista americana Rosa Parks
Divulgação
A revista Tchika tem o objetivo de se diferenciar de todo o tipo de publicação comum para meninas que há hoje no mercado francês.

DANIELLA FRANCO
Paris (França) 
4 de abr de 2019 às 16:20
RFI

Informar, divertir, mas principalmente empoderar garotas de 7 a 12 anos: esse é o objetivo de Tchika, a primeira revista feminista francesa para meninas. A publicação será lançada em junho.

Cultura, arte, ciência, comportamento, moda, mas de uma forma a desconstruir os estereótipos de gênero. Com essa meta, a revista Tchika tem o objetivo de se diferenciar de todo o tipo de publicação comum para meninas que há hoje no mercado francês.

A idealizadora do projeto, a jornalista Elisabeth Roman, trabalha há 25 anos com publicações para crianças. À RFI, ela contou que a ideia surgiu ao perceber que as revistas infantis sem gênero se dirigem e interessam principalmente os garotos. Já as destinadas às meninas se concentram no mesmo tipo de conteúdo, utilizando códigos frequentemente sexistas.

“Um dia me dei conta que não havia na França revistas para o empoderamento das meninas, que mostrassem a elas que podem se tornar quem elas quiserem sem influência exterior, escutando-se a si mesmas”, afirma Elisabeth Roman. Ela lembra, no entanto, que Tchika é uma revista feminista concentrada no conhecimento, “abordando assuntos que a sociedade pré-classifica como não-femininos”.

A jornalista teve a confirmação do quanto esse tipo de publicação fazia falta no país ao receber um grande apoio de mães e pais para o financiamento participativo de seu projeto, realizado através da plataforma de coleta de fundos Ulule. “Homens e mulheres me escrevem afirmando que essa era a revista que eles esperavam para suas filhas. Mães me dizem que elas adorariam ter lido esse tipo de publicação quando eram pequenas”, diz.

No menu de Tchika, matérias sobre mulheres que marcaram a História, como a artista mexicana Frida Kahlo e ativista americana Rosa Parks. A publicação também destacará façanhas realizadas por personalidades femininas, como a da professora americana Annie Edson Taylor que, aos 63 anos, em 1901, aceitou um insólito desafio e se tornou a primeira pessoa a atravessar as Cataratas do Niágara dentro de um barril. Tchika também traz figuras inspiradoras de hoje, a exemplo de Amandine Henry, a capitã da equipe feminina de futebol da França.

Um novo conceito

Tchika também chega com novidades editoriais e na diagramação. Elisabeth Roman afirma que, pela primeira vez, matérias serão publicadas com as manchetes riscadas, para marcar a oposição ao assunto. É o caso da reportagem “Rosa é apenas para meninas”, que explica como essa cor começou a ser associada às mulheres e o azul aos homens devido a uma estratégia de marketing.

“Eu também queria que fosse uma revista concentrada no conhecimento científico, sobre ecologia e meio ambiente. Para mim, é extremamente importante dar destaque à ciência”, diz a jornalista. Assim, o primeiro número também trará uma matéria sobre o sapo Romeu, conhecido como o anfíbio mais solitário do mundo. Ameaçado de extinção, ele passou mais de dez anos isolado em um aquário na Bolívia, até os cientistas terem encontrado recentemente uma fêmea de sua espécie, apelidada de Julieta, e que é agora sua parceira.

A líder da expedição para a identificação e captura de Julieta é Teresa Camacho Badani, chefe de herpetologia do Museu de História Natural de Cochabamba, na Bolívia. “A ideia é mostrar que há mulheres cientistas, já que sabemos que a quantidade de mulheres na ciência, em todo mundo, é sempre menor do que a de homens”, ressalta.

Conteúdo de Tchika agrada famílias

Nas páginas do Facebook e no Instagram da revista Tchika, teasers adiantando o conteúdo primeiro número da publicação já agradam as famílias.

É o caso da artista plástica Laeti Gueye, mãe de uma menina de 8 anos, “que começa a aprender a se afirmar diante do irmão mais novo e do mais velho”. “Essa revista corresponde ao que eu quero para a minha filha”, diz ela, em entrevista à RFI.

Gueye diz que descobriu o projeto através de um post no Facebook e, desde então, segue o andamento da publicação. “Acredito que Tchika pode mostrar à minha filha que ela tem poder, que sua personalidade é importante e que ela pode conquistar tudo o que quiser”, afirma.

Outra futura assinante da revista é Sandrine Garnier, mãe de duas meninas de 10 e 8 anos, e de um menino de 4 anos. Para ela, Tchika se diferencia das outras publicações para crianças no mercado. “Algumas podem ser muito sexistas, dizendo, por exemplo, que as garotas devem ser bonitas e os garotos devem ser fortes”, aponta.

Segundo ela, iniciativas como a revista Tchika “são uma ocasião para falar das meninas e dar a elas a confiança que muitas vezes perdem quando entram na escola e começam a confrontar preconceitos”. “Somos uma família com três crianças. Nosso objetivo é de criá-los dentro do respeito mútuo e da consciência de que meninas e meninos têm os mesmos direitos e deveres”, salienta.

Além das páginas da revista

A revista Tchika será inicialmente trimestral. O primeiro número chegará em junho às bancas da França. Já os assinantes poderão receber a publicação em qualquer lugar do mundo.

Elisabeth Roman também pretende criar outros projetos em torno de Tchika, como podcasts, ateliês e até mesmo uma conferência em parceria com especialistas, educadores e famílias para tratar da questão do empoderamento das meninas.

Os meninos não ficam de fora da iniciativa. A jornalista também pretende, no futuro, inserir os garotos em seu projeto, com o objetivo de engajá-los no feminismo desde pequenos e também para que saibam reagir diante de estereótipos dos quais também são vítimas. “Quem pode ser contra a igualdade de gêneros hoje? Tudo é uma questão de educação da sociedade, de mudança de visão e comportamento das pessoas sobre essa questão”, conclui.

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