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quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Crescimento desenfreado está ligado ao aumento da exploração sexual no interior de MS

Município de Nova Andradina teve boom demográfico com a produção de cana-de-açúcar

Rodrigo Sacccone

Foto: Daniel Marenco / Agencia RBS

Produção de cana-de-açúcar provocou aumento 
de quase 30% na população em dez anos

Distante cerca de 300 quilômetros de Campo Grande (MS), a cidade de Nova Andradina registrou um aumentou considerável na população a partir do crescimento da produção de cana-de açúcar e etanol. Com o crescimento populacional, também aumentou a exploração sexual de crianças e de adolescentes.

Em dez anos, a população cresceu 28,84%, passando de 35,4 mil habitantes em 2000 para 45,5 mil em 2010. Agora, o Ministério Público investiga a existência de uma rede de exploração sexual de adolescentes.

A presença de uma usina de álcool e o crescimento da produção de cana de açúcar contribuíram para esse resultado. A infraestrutura não se adequou à nova realidade de Nova Andradina. Os impactos da falta de planejamento atingem também a rede de proteção dos direitos da criança e do adolescente.

– O crescimento sem um estrutura adequada, porque é um crescimento muito rápido, gera aumento de todos os problemas relativos à infância – avalia a juíza da Infância e Juventude de Nova Andradina, Jacqueline Machado.

Considerar normal o relacionamento entre meninas com homens mais velhos é outro problema da cidade, que chega a ser cultural. No município, o crime que ocorre de forma velada. É comum meninas serem seduzidas por adultos, algumas vezes até com o consentimento das famílias.

– A gente tem muita dificuldade de levar esses casos ao Judiciário. Às vezes, não se consegue comprovar a suspeita que depois não se consegue comprovar porque há o problema da cultura da sociedade em geral que ainda não consegue ver essa criança e adolescente como sujeito de direitos – afirma Jacqueline.

Para a magistrada, também contribuem questões como o próprio adolescente não perceber a exploração sexual, a omissão ou indução da família e a ineficácia da rede de atendimento que talvez não esteja preparada pra trabalhar em um problema tão complexo.

Em alguns lugares, a riqueza da cana-de-açúcar ainda não chegou. No distrito de Nova Casa Verde a situação é precária e transitar pelas ruas é um desafio. Mais difícil ainda é proteger crianças e adolescentes: cada vez que surge uma denúncia, os conselheiros viajam 45 quilômetros para fazer o atendimento.

– A rede vem se adaptando, porém nós sabemos que temos que ter mais profissionais capacitados – afirma a coordenadora do Creas no município, Débora Fernandes Barbosa Silva.

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