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domingo, 30 de setembro de 2012


Jovens preparados para a participação democrática

POR PATRÍCIA GOMES

Em tempos de eleição, nunca é demais perguntar: como é que estamos preparando os nossos jovens para que eles se tornem cidadãos conscientes de seus direitos e deveres políticos? Nos Estados Unidos, algumas instituições sem fins lucrativos, como Mikva Challenge e Generation Citizen, perceberam que tratar de democracia apenas no período pré-eleitoral não era algo capaz de desenvolver nos jovens engajamento cívico, liderança e sentimento de responsabilidade por suas comunidades.

Começaram, então, a propor programas mais longos e estruturados, que aproximam os jovens do poder e da tomada de decisão, explicam como os sistemas eleitorais funcionam e defendem que, apesar da idade, esses estudantes de ensino médio podem e devem ser líderes locais. “Nós acreditamos que a melhor forma de aprender sobre liderança e democracia é experimentando”, disse Meghan Goldenstein, coordenadora de comunicação e extensão do Mikva Challenge, projeto que, desde o fim da década de 90, já recebeu mais de 20 mil estudantes de Chicago e arredores.

crédito satori / Fotolia.com

E para fazer os jovens ter essa experiência, o Mikva propõe atividades essencialmente práticas, divididas em seis grandes programas: ativismo em sala de aula, concurso de discurso, participação eleitoral, juízes eleitorais, conselhos da juventude e conselhos de paz e liderança. Cada um tem um foco específico e uma duração diferente. O ativismo em sala de aula (Classroom Activism), por exemplo, dura o ano inteiro e, nele, os alunos se reúnem para identificar problemas da escola e da comunidade, desenvolver soluções e até implantá-las. Um dos produtos desse projeto leva ao segundo, chamado de Soapbox, em que os alunos participam de uma competição de uma semana que escolhe os jovens que mais bem aprenderam a escrever e declamar discursos.

“Nós procuramos desenvolver nos jovens as habilidades de liderança e de engajamento cívico, atitudes necessárias para a vida democrática. Isso inclui comunicação, colaboração, resolução criativa de problemas, pensamento crítico”

No participação eleitoral (Campaing Program), eles analisam as propostas dos candidatos, escolhem os que mais bem se adequam ao que acreditam e põem a mão na massa – de verdade – na campanha. Já no Citywide Youth Councils, ou conselhos juvenis da cidade, os estudantes se reúnem com gestores públicos para propor melhorias em diversos temas, como saúde e educação. Mais detalhes, em inglês, sobre cada um podem ser obtidos ao se clicar nos nomes dos programas. “[Com essas atividades] nós procuramos desenvolver nos jovens as habilidades de liderança e de engajamento cívico, atitudes necessárias para a vida democrática. Isso inclui comunicação, colaboração, resolução criativa de problemas, pensamento crítico”, diz Meghan.

A maior parte dos programas, explica a coordenadora de comunicação, se apoia na figura do professor. A organização vai até escolas, diretores e professores, e apresenta o Mikva. Aos que aceitam participar de um ou mais programas, a iniciativa dá uma capacitação e fornece material de apoio. As atividades ocorrem no horário normal das aulas, no contraturno ou na sede da organização. Hoje são quase 100 professores envolvidos, a maior parte deles ensina alguma disciplina da área de humanas, como história ou governo (sim, existem escolas que nos EUSA que dão aula de governo). Mas há também professores de inglês, artes e ciência.

Generation Citizen

Mas o Mikva Challenge não está sozinho. O Generation Citizen, fundado em 2008 por dois então alunos da Brown University, também se dedica a mostrar aos jovens que eles podem participar ativamente da política a partir de uma abordagem prática. A organização faz parcerias com escolas e professores para que mostrar aos estudantes como resolver problemas que eles estão enfrentando em suas próprias comunidades. “Apesar de o governo dizer que todos os cidadãos podem desempenhar um papel no futuro do país, a maior parte das pessoas não participa ativamente da democracia”, diz a ONG em seu site.

Você conhece alguma organização no Brasil que ensine democracia de um jeito inovador? Que seja uma preocupação sistemática, e não apenas atividades em período pré-eleitoral? Se sim, conte para o Porvir.

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