Sonho
de ganhar dinheiro no exterior é combustível para tráfico de pessoas
Tema central da novela ‘Salve Jorge’ vitimou 472 brasileiros
entre 2005 e 2011. No Rio, 11 inquéritos foram abertos
Rio - Com o sonho de
trabalhar no exterior e ganhar muito dinheiro, Cíntia, Rita, Márcia e Rose
(nomes fictícios) embarcaram rumo ao exterior. No entanto, não sabiam que seus
‘empregadores’ eram traficantes de pessoas.
Em situação semelhante ao de
personagens da novela ‘Salve Jorge’, da TV Globo, que aborda o tema, elas
viveram drama real que atinge outros 468 brasileiros, vítimas do esquema
criminoso no Brasil, entre 2005 e 2011. Segundo a CPI do Tráfico de Pessoas do
Senado, no Rio foram abertos 11 inquéritos com características do tráfico em
2010.
As mulheres chegaram ao
exterior endividadas com os aliciadores. Sem ter como pagar, foram mantidas em
cativeiro e obrigadas a se prostituir. Cíntia adoeceu e foi morta. Rita escapou
com ajuda de cliente, vestida de homem. Márcia contraiu Aids e foi abandonada.
Rose através de ONG espanhola voltou ao Brasil.
JOVENS
DE 10 A 19 ANOS
Na
maioria, moradores de Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do Sul. De acordo com o
Ministério da Justiça, Holanda, Suíça e Espanha são os principais destinos. O
Suriname teve a maior incidência de registros. Foram 133 casos, seguidos da
Suíça com 127, Espanha com 104 e Holanda com 71. “Tentamos convencê-las a não
ir, mas pouco conseguimos. Sofrem violência e chegam doentes e machucadas”,
contou a coordenadora da Pastoral da Mulher Marginalizada, Sueli Aparecida da Silva,
37 anos. A entidade atua com órgãos internacionais no resgate dessas vítimas.
Cíntia
teve o corpo jogado num rio na Espanha. Márcia, que trabalhou em vários países,
enfrenta também problemas psicológicos e vive com a família na Bahia. Um
cliente fixo de Rita a ajudou a escapar. Rose voltou sem nada para Goiânia.
Entidades
alertam para pequenos cuidados que se deve tomar ao tentar trabalho no
exterior: pesquisar sobre a empresa que contrata, não dar documentos, deixar
contato das pessoas que vão lhe acompanhar com amigos e parentes e aprender o
idioma do país de destino. Em situação de risco, procurar o
consulado.
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