2 293867 1082 ruslan sabitov 300x200 Propaganda ineficaz? Dependentes químicos são menos sensíveis à imagens negativas
Dependentes químicos – categoria que inclui tabagistas e alcoólatras – ficam pouco impactados com as mensagens negativas sobre seus vícios, o que diminui a efetividade desse tipo de mensagem para alertá-los sobre o risco para a saúde de seus hábitos.

Essa constatação veio de uma pesquisa que observou, através de neuroimagens, a reação do cérebro de dependentes químicos durante a apresentação de diversas fotos, entre elas várias que representavam seus vícios.
“Os resultados chegam a ser irônicos, pois a grande maioria das políticas públicas de prevenção no mundo todo se baseiam nesse tipo de mensagem, do tipo ‘drogas são ruins pra você’ ou ‘diga não às drogas’. Mas esse tipo de imagem ou mensagem não tem impacto nenhum no cérebro de quem é realmente afetado”, diz Josjua Brown, pesquisador da Universidade de Indiana, nos EUA, e principal autor do estudo publicado no periódico Psychology of Addictive Behaviors.
Os pesquisadores agora tentam entender onde a mensagem “se perde”, no caminho entre o que é visto e o que é entendido pelos dependentes químicos.
“Uma hipótese é que essas pessoas são sensíveis aos riscos que correm, mas o que sabem conscientemente não as atinge no nível inconsciente. Outra resposta seria que o próprio vício modificaria a forma como eles percebem essas mensagens negativas”, dizem os autores.
Em outro teste feito pela equipe de Brown, os dependentes participavam de jogos diversos. Em alguns deles havia indicativos de como se dar melhor na partida, como sinais que apontavam para a pior jogada a ser feita naquele momento. Mesmo assim eles corriam mais riscos de perdas financeiras, com decisões mais impulsivas que o grupo controle, formado por pessoas sem dependência química.
“A área do cérebro que analisa o nível do risco a ser tomado responde pior nessas pessoas. Elas têm maior dificuldade de diferenciar ganhos e perdas”, explica Brown.
“Os governos gastam muito dinheiro com campanhas que podem ser ineficazes. Modificar o tom dessas mensagens poderia ter maior atenção de quem tem propensão ou desenvolveu a dependência em álcool e outras drogas”, finaliza.-
por Enio Rodrigo