por Ana Cássia Maturano
Um dos temores vividos pelos estudantes e seus pais nesta época do ano é a possibilidade da reprovação escolar. Este tema é uma pedra no sapato da história da escola brasileira. Houve um tempo em que ela era tão focada no aluno que, caso não ele aprendesse, o “castigo” era ter que refazer a série. Qual o compromisso da escola? Nenhum, ela havia ensinado e a criança não tinha aprendido.
Várias mudanças aconteceram. Progressão continuada, reprovação possível apenas em determinadas épocas são algumas das tantas alterações que vão ocorrendo ao bel prazer de nossos governantes.
O certo é que a reprovação ocorre e deve ser a exceção da exceção, pois espera-se que a escola crie condições para que os alunos aprendam. Como um é diferente do outro, devem ser formuladas diferentes estratégias, como é o caso do reforço (muito comum), recuperações e, numa instituição que tenha parceria com as famílias (algo que às vezes está só no discurso), orientação de estudo com a participação dos pais.
Apesar de todos os esforços, ou por fatores que fogem ao nosso controle como momentos emocionais difíceis vividos pelo estudante (mortes, acidentes, doenças, mudanças etc.), a retenção em determinada série parece ser a atitude mais adequada: a criança não conseguiu atingir o mínimo para conseguir ir para outra etapa ou simplesmente não pôde aprender.
Isso é algo que observamos frequentemente em alunos que, por uma questão legal ou exigência dos pais, estão um ano adiantados. Até um tempo atrás, a lei permitia que a criança fosse matriculada na série correspondente à idade que completasse naquele ano, não importando o mês do aniversário (podia ser de janeiro a dezembro). Muitas delas que aniversariam no final do ano, não têm a maturidade para as aprendizagens exigidas (que por sua vez, estão se adiantando cada vez mais). Elas parecem estar sempre correndo atrás do prejuízo e se sentindo desestimuladas a estudarem. Neste caso, ficar retido um ano, quando a situação é bem conduzida pela escola e família, pode ser um ganho para o aluno.
No entanto, diante da reprovação do filho na escola, não adianta fazer drama. Muito provavelmente, o próprio aluno deve estar chateado com a situação, mesmo que diga o contrário. A sensação de fracasso é quase certa – seja da criança, seja dos pais. A escola geralmente se exime de qualquer responsabilidade.
Por isso é importante não culpá-lo pelo ocorrido. Mesmo não sendo, a reprovação em si já é uma baita punição. Claro que os pais podem demonstrar o desagrado com o ocorrido, o que é o esperado. Mas é importante que acolham seus filhos e que, juntos, tentem entender a situação, para que as coisas sejam diferentes no próximo ano.
Algumas famílias pensam em mudar a criança de escola para poupá-la de alguma humilhação por parte dos colegas. Isso só deve ocorrer se realmente o colégio não tiver um bom ambiente e houver problemas de relacionamento (o que por si só já é um bom motivo para a troca). Temos que ensinar os filhos a enfrentarem os problemas de frente, não a fugir deles.
A ideia de entrar com recurso para que a reprovação seja revertida é uma das piores, penso eu. Além de invalidar a autoridade da escola, ensinamos aos pequenos que podem tudo, papai e mamãe estão lá para resolver. Sem contar que, se foram reprovados, é por não terem condições de acompanhar o outro ano. Assim, a próxima etapa, salvo algum milagre, será também desastrosa -o que seria um importante fator para que a autoestima da criança caia bastante.
Além do mais, se houve a retenção, ela não deve ser surpresa. Os pais que acompanharam os filhos na escola puderam antever o desfecho, que inclusive deve ter sua possibilidade alertada pela escola durante o período letivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário