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terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre a transexualidade na infância e adolescência

por Ana Cássia Maturano

Os pais costumam desejar que o filho seja desta ou daquela maneira. Já na gestação, imaginam isto e aquilo. Se a notícia é de que virá uma menina, o mundo todo se transforma em rosa. Do contrário, anuncia-se aos quatro cantos que é para tomarem conta das garotinhas, pois seu garotão está chegando.

Alguns caem do cavalo. Nos primeiros ultrassons os médicos costumam palpitar (“com quase 80% de certeza”) que o bebê vai ser de determinado sexo. Mas, logo adiante, em outro exame, vem a confirmação ou não. Muitos já se decepcionaram com isso. Não por fazerem questão de que a criança fosse daquele sexo. E sim por já a terem imaginado como tal, significando-a de alguma maneira.
Vai sendo construída assim, desde que se sabe da gravidez, uma imagem de quem está por vir. De acordo com o desejo, idealização e temores. À medida que crescem também: tem-se uma ideia de menino ou menina e se espera que o filho se encaixe nela.
Às vezes, porém, a vida prega uma peça e aquela criança que nasceu de determinado sexo, não se sente como tal. O que hoje é denominado de transexual ou, mais especificamente, de transtorno de identidade de gênero. Está feita a confusão. Tanto na cabeça do transexual como na de seus familiares e pessoas que convivem com ele.
Não se sabe ao certo porque isso ocorre. Acredita-se em alguma alteração cerebral. De todo modo, a pessoa com esta condição não se sente de acordo com seu sexo anatômico: seu sexo psicológico é diferente do físico. Algo que pode iniciar na infância ou mais tardiamente na adolescência.
E o que fazer? Fazer de conta que se é homem enquanto se sente uma mulher ou vice-versa? Não dá para brincar de faz de conta a vida inteira. Vive-se pela metade. A sexualidade é parte fundamental de nossa identidade.
A medicina contribuiu muito para contornar esta questão, com terapias hormonais e cirurgias de mudança de sexo (o que deve ocorrer quando há um trabalho conjunto de vários profissionais, não é uma brincadeira).
Mas há uma questão mais difícil de encarar, além da própria em si: o preconceito do outro, incluindo os familiares. Muitos não compreendem e acabam por ver o transexual como alguém com defeito, um pervertido ou que escolheu ser assim. Só de pensar no drama interno pelo qual a pessoa passa, pode-se imaginar que não houve escolha alguma.
Ter um filho nesta condição não deve ser algo simples. Sua tomada de consciência provavelmente gera, a princípio, a não aceitação. E como ser diferente? É algo que foge a lógica, assusta. Mesmo que, de certo modo, já percebido: não é do dia para a noite que a pessoa passa a se sentir assim.
As famílias que vivem esta situação precisem de um tempo para elaborá-la, o que necessita ser compreendido pelo filho. Porém, elas precisam se fortalecer e, se for preciso, procurar ajuda psicológica para ajudarem no enfrentamento e resolução da questão da melhor maneira possível.
Principalmente porque o transexual enfrentará muito preconceito das outras pessoas, fora o desconforto que vive consigo próprio. Ele pode ser poupado, passando o primeiro susto, de enfrentá-lo em sua própria casa. Não dá para continuar vivendo a situação sozinho. Nossos filhos são o que são, não o que desejamos ou imaginamos. A grande prova de amor que podemos dar a eles é a de amá-los do jeito que são.
A vida não é reta. Que ninguém espere que ela seja.

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