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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Brinquedos que proporcionam mais do que diversão

POR PATRÍCIA GOMES

Era uma tarde ensolarada de dezembro e, do outro lado do Skype, o jovem de origem peruana encasacado, falando direto do Canadá, usava um chapéu verde e pontudo de gnomo, desses parecidos com os que os ajudantes de Papai Noel usam. “Só tiro quando conseguirmos alcançar a meta US$ 45 mil no KickStarter. Temos até dia 28”, disse Gonzalo Riva, COO da empresa 21 Toys, que não tem tirado o adereço da cabeça para nada, nem para andar de ônibus nem ir à padaria. Seu projeto é levantar fundos, até sábado, para produzir uma sequência de quebra-cabeças artesanais que têm ajudado pessoas dos mais diversos perfis, de crianças da educação infantil a adultos barbados dentro de empresas, a desenvolverem empatia e os quatro Cs mais cobiçados de escolas e companhias: criatividade, comunicação, colaboração e (análise) crítica. Faltam 6 mil dólares.

“Fazer brinquedos que estimulam o aprendizado não é exatamente novo, mas eles normalmente se restringem a uma gama de atividades que as escolas já são muito boas em desenvolver, como as habilidades cognitivas. Mas o nosso quebra-cabeças é feito para ser jogado em grupo e ajuda a desenvolver e liberar a empatia”, afirma Riva sobre o “brinquedo da empatia do diálogo criativo”, que é como a equipe se refere ao joguinho. “É brincando que você faz seus primeiros amigos, enfrenta seus primeiros desafios e aprende por seus primeiros erros. Mostra o valor das regras e o quanto a injustiça doi. Estimula a você perguntar ‘e se?’ e a se colocar na pele dos outros”, explica a empresa pelo site.

O quebra-cabeça foi desenvolvido como trabalho de conclusão de curso de sua sócia e amiga de longa data, a designer Ilana Ben-Ari. Cada participante do jogo recebe um set de cinco peças tridimencionais, cada uma um formato e uma textura. Elas se encaixam de centenas de maneiras diferentes. Um jogador cria um objeto com a união das peças e precisa conduzir seus pares a construir exatamente a mesma coisa. Acontece que todos eles estão de olhos vendados. Com isso, entender e dar instruções fica bem mais complexo. “Você precisa se comunicar bem, entender o outro. E isso não se aprende em livros”, diz Riva.

O método tem sido usado em sistemas de ensino de várias regiões do Canadá e dos EUA. E os usos são os mais variados possíveis: professores da educação infantil estimulam o desenvolvimento vocabular e a formulação de ideias; com crianças maiores, a troca ajuda a aprender a lidar com os amigos e entender suas dificuldades; conforme é usado no decorrer da vida escolar, pode ser utilizado para introdução dos mais variados conceitos, de matemática a história.

No site da empresa, educadores compartilham a variedade de formas como têm usado o recurso. “Eles aprendem muita coisa apenas pelo fato de brincar”, afirma em vídeo o professor Jeff, que leciona liderança. “Primeiro eu usei o brinquedo para exploração e desenvolvimento linguístico, mas foi engraçado ver as crianças darem caminhos muito particulares para as suas atividades”, afirma Karen, professora de língua e argumentação. Em empresas, as pecinhas têm se mostrado uma ferramenta eficaz para estimular o trabalho dos profissionais em de suas equipes. “Independentemente de qual abordagem o professor ou a empresa adotará, a conversa após a dinâmica da construção começa com as seguintes perguntas: O que você sentiu? O que você viu?”, afirma Riva.

crédito divulgação
Em tempos de games ultramodernos e dependentes de desenvolvimentos tecnológicos, os brinquedos da 21 Toys estimulam a interação humana sem fios ou internet. E é de propósito. “As escolas estão investindo milhares de dólares em impressoras 3D e o risco é elas ficarem trancadas no armário”, afirma o empreendedor, que ressalta o quanto se pode aprender por uma experiência de interação real entre pares. “Quando se propõe uma atividade com madeira, é muito difícil culpar o brinquedo se não der certo. Com tecnologia, são muitos fatores que precisam fucionar ao mesmo tempo”, afirma.

Por enquanto, a 21 Toys tem apenas o brinquedo “empatia e diálogo criativo”. Mas está no forno para o ano que vem mais um quebra-cabeças, também formado por materiais simples, cuja intenção é trabalhar o fracasso e a resiliência. “Poucas coisas fazem a gente aprender tanto quanto o fracasso. E as escolas fazem a gente acreditar que fracassar é ruim”, lamenta Riva. Em tempos de Natal, chapéu de gnomo e brinquedos, o jovem lembra: “brincar é uma das melhores formas de aprender.”

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