Legalização medicinal da maconha parece incentivar o uso da substância. Por outro lado, uso de drogas como tabaco, álcool e até cocaína e analgésicos diminuiu consideravelmente
Um novo relatório do governo americano mostra que a porcentagem de adolescentes do ensino fundamental que fumam maconha está subindo nos EUA, enquanto o consumo de álcool e outras drogas está caindo. O relatório argumenta que o relaxamento das restrições à maconha, hoje vendida legalmente em 20 estados americanos, pode estar influenciando o aumento do consumo da droga entre os adolescentes.
“A aceitação da maconha medicinal em vários estados leva à sensação de que, se ela pode ser usada para fins medicinais, então não pode ser prejudicial”, disse Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas, que emitiu o relatório. “Esta pesquisa tem mostrado de forma muito consistente que quanto maior o número de crianças que percebe a maconha como algo arriscado, menor o número de usuários “. No início do próximo ano, o uso recreativo da maconha também vai se tornar legal no Colorado e em Washington.
De acordo com os último relatório, entitulado “Monitoring the Future” (Monitorando o Futuro), mais de 12% dos alunos da oitava série e 36% dos veteranos de escolas públicas e privadas de todo o país disseram ter fumado maconha no ano passado. Cerca de 60% dos alunos disseram que não vêem o uso regular da maconha como prejudicial, em comparação com cerca de 55% no ano passado.
Cai o consumo de outras substâncias
O relatório analisou uma grande variedade de drogas e substâncias. Constatou-se, por exemplo, que o consumo de álcool caiu. Cerca de 40% dos alunos do ensino médio relataram ter usado álcool no mês passado, enquanto em 1997, a porcentagem foi de 53%. O uso de Vicodin (uma analgésico à base de ópio) caiu pela metade em comparação com a década passada, assim como cocaína e heroína tiveram os menores índices já registrados. O tabagismo também tem caído vertiginosamente nos últimos anos. Pela primeira vez desde que a pesquisa começou, o percentual de estudantes que fumava um cigarro no mês passado caiu para menos de 10%. Cerca de 8,5% dos veteranos fumam cigarros diariamente, em comparação com 6,5% que fumam maconha diariamente.
Estudos mostram que a concentração de THC na maconha triplicou desde o início de 1990 e que ela não pode ser encarada como inofensiva. “O que é mais preocupante é que estamos vendo altos níveis de uso diário de maconha entre os adolescentes “, disse Volkow. Um novo estudo publicado esta semana por cientistas da Universidade Northwestern, mostrou o que parecia ser alterações cerebrais permanentes em pessoas que fumavam maconha na adolescência.
Usando exames de imagem do cérebro, os cientistas mostraram que, em comparação com os adultos jovens que nunca fumaram maconha, aqueles que a usaram diariamente por cerca de três anos, quando adolescentes, tiveram diferenças em regiões como o tálamo, globo pálido e outras estruturas cerebrais. Essas áreas do cérebro ajudam na formação de uma espécie de bloco de notas mental, que reforça a memória e permite que as pessoas resolvam quebra-cabeças, se lembrem de um número de telefone ou processem rapidamente outros pedaços de informações necessários para tarefas diárias.
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