Diarista ofendida por patroa no Rio teve caso registrado como 'injúria'.
Secretaria criou força tarefa para tentar estabelecer rotina de conduta.Esta semana casos de racismo no esporte ganharam destaque no mundo todo. Brasileiros vítimas de racismo dizem que encontram dificuldade para registrar esse tipo de crime nas delegacias.
Fabiana prefere não mostrar o rosto. No fim de março ela foi até uma delegacia prestar queixa de racismo depois de fazer uma faxina em uma cobertura na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
“Ela olhou pra mim e falou que não iria pagar porque era uma honra para mim estar trabalhando para ela que era branca, e eu era só uma negra”, conta.
Fabiana diz pediu ao menos o dinheiro da passagem e mostra no celular várias mensagens que recebeu da moradora diante da cobrança. Em uma delas, chama a casa de Fabiana de barraco e o filho dela de ‘crioulinho’. Em outra, mais ofensas à diarista.
“Eu me senti humilhada, ofendida, machucada. Fui na delegacia e o rapaz colocou como injúria, eu chorei porque eu achei que era racismo”, lamenta.
Fabiana procurou o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB, que foi à delegacia. Ele mostra o primeiro registro, sem o relato de Fabiana, e a informação de que ela teria sido injuriada. Só depois, segundo o advogado, o caso passou a ser tratado por injúria racial - quando alguém é ofendido por causa de sua cor e raça.
Mas para ele, Fabiana foi vítima de um crime mais grave e inafiançável: racismo. “A lei diz claramente que se você tem um tratamento diferenciado no trabalho, se você recebe menos pela sua cor, ou se você deixa de receber, isso é racismo e não foi registrado como racismo na delegacia”, diz o advogado Marcelo Dias.
Nos anos de 2012 e 2013 foram recebidas em todo o país, cerca de 700 denúncias de racismo. No Rio, em janeiro deste ano foram registrados três casos de racismo contra 173 de injúria racial.
A Secretaria de Direitos Humanos criou uma força tarefa pra tentar estabelecer uma rotina de conduta nas delegacias. O trabalho será feito em parceria com a Polícia Civil e com o apoio da OAB. Um grupo de delegados vai orientar os profissionais que fazem os registros para evitar falhas nas notificações e para que os casos de racismo sejam tratados como tal.
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