Da Redação
Agência Pará de Notícias
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O Núcleo Especializado de Atendimento ao Homem Autor de Violência Doméstica e Familiar (Neah), da Defensoria Pública do Pará, promoveu a oficina “A Violência Doméstica e a Necessidade de uma Cultura de Paz” nesta quinta-feira (8), no auditório da instituição, reunindo mais de 70 pessoas que foram assistidas pelo núcleo em casos de violência doméstica e familiar.
O evento debateu a conscientização sobre as violências incentivadas pelo uso de drogas, e seus efeitos desastrosos no convívio social e familiar. A programação também teve o objetivo de dar continuidade ao cumprimento do Programa de Educação e Reabilitação do Autor de Violência Doméstica atendido pelo Neah.
O diretor da Escola Superior da Defensoria Pública do Pará, Antônio Roberto Figueiredo Cardoso, representou o defensor público geral, Luís Carlos de Aguiar Portela, e abriu a oficina enfatizando a importância do Programa de Educação e Reabilitação desenvolvido pelo núcleo, que é uma exigência prevista na Lei Maria da Penha.
“Toda a equipe da Defensoria Pública está feliz de poder fazer parte deste trabalho, inédito no Brasil, e que já é uma referência nas atuações do nosso órgão. Estamos oferecendo uma oportunidade para que os nossos assistidos possam se redimir de suas falhas, recomeçar e melhorar a cada dia. Então, peço que todos aproveitem o máximo de seu tempo para buscar alternativas para ser uma pessoa melhor. Comecem mudando o ambiente familiar, depois a comunidade e sua cidade e, por fim, vocês estarão mudando o mundo”, ressaltou.
A coordenadora do Neah, Maria Vilma Araújo, disse que qualquer autor de violência doméstica e familiar tem a possibilidade e o direito de se reeducar e ressocializar. “Estas nossas programações, que incluem palestras, seminários e grupos de reflexão, ajudam muito no processo de reeducação dos assistidos. Além disso, nós também fazemos um importante trabalho de prevenção da criminalidade, pois sabemos que os maiores problemas no ambiente familiar são causados pelo consumo de álcool e drogas”, completou.
Maria Vilma Araújo também ressaltou que o trabalho da Defensoria Pública é essencial à Justiça. “Os autores de violência doméstica, principalmente os que são presos em flagrante, podem ficar encarcerados muitos meses. Então, a Defensoria Pública, através do Neah, resgata esse agressor, principalmente a sua autoestima. Devido ao aumento da credibilidade dos trabalhos desenvolvidos pelo Neah, a Justiça já tem emitido sentenças determinando a soltura dos nossos assistidos ou amenizando as penas, com a condição de que cumpram este Programa de Educação e Reabilitação do Autor, que está disposto na própria Lei Maria da Penha”, enfatizou a coordenadora.
Palestras - Durante a programação, autores de violência doméstica e familiar assistiram à palestra “Violência Doméstica e Familiar e Drogas”, ministrada pela técnica da Coordenadoria de Prevenção e Resolução de Danos do Uso de Drogas, Lilian da Silva, que enfatizou os efeitos estimulantes, depressores e perturbadores das drogas, bem como doenças crônicas, progressivas e até incuráveis.
Em seguida, o pedagogo Raimundo Silva abordou o tema “Profissionalização como base de superação de violência: melhoria da autoestima pessoal e profissional”. Ele frisou que o trabalho da Defensoria Pública é importante não só para promover a educação, mas também para resgatar a autoestima. “Por meio de diversos parceiros, a Defensoria Pública proporciona cursos de profissionalização, que têm o papel de ressocializar e gerar a inclusão social”, acrescentou.
Os participantes do evento também assistiram ao filme “A vida é bela”, do italiano Roberto Benigni, que de acordo com Raimundo Silva teve o propósito de demonstrar a gravidade dos efeitos de uma guerra, que além de destruir laços familiares pode provocar sequelas e traumas para a vida toda.
A assistente social Maria Lima Sena reforçou que, com estas atividades, o Neah está cumprindo as disposições impostas pelo ordenamento jurídico e desenvolvendo um trabalho social, que envolve a agregação familiar.
Ao final da programação, os assistidos receberam a cartilha “Direito de Defesa ao Homem em Prática de Violência Doméstica”, além de certificados e encaminhamentos específicos para a realização de cursos profissionalizantes.
Oficina - No auditório lotado, os participantes aprovaram a oficina e reconheceram a importância do trabalho realizado. “Esta palestra da Defensoria Pública, que diz respeito a nossa comunidade, seja homem ou mulher, é muito bem vinda. Hoje, nós estamos vendo que as drogas estão acabando com o nosso futuro”, disse um assistido de 56 anos.
Outro beneficiado, de 32 anos, também ressaltou a preocupação da Defensoria em promover uma palestra específica sobre drogas. Segundo ele, o consumo de drogas tem contribuído para a degeneração do ser humano. “Na minha época, não era assim. Eu já usei, e usei muito, mas hoje as drogas são mais fortes e a galera usa descontroladamente. Eu quero dizer que já participei de outras palestras com esse tema, e não me arrependo de nada, cada vez aprendo mais”, declarou.
“Esta foi a primeira vez que participei de uma palestra com esse tema, mas penso nos meus filhos, e quero poder explicar tudo, justamente para que eles não procurem na rua. Acho que esse tipo de divulgação da Defensoria Pública deveria ser mais forte, porque tem uma importância muito grande na vida de todos”, disse um autor de violência doméstica, de 38 anos.
Micheline Ferreira
Defensoria Pública do Estado do Pará
Defensoria Pública do Estado do Pará
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