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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Comissão da Igreja contra abuso sexual afirma que prioridade são as vítimas

Marcela Belchior
Adital

Foto: Reprodução

Após primeira reunião da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores, realizada de 1º a 03 de maio, o grupo constituído no Vaticano para desenvolver procedimentos de controle do abuso sexual contra crianças, adolescentes e adultos vulneráveis expressou solidariedade às vítimas. Afirmou ainda que elas serão prioritárias em qualquer decisão que a Igreja Católica venha a tomar a respeito do tema.

A tarefa principal será preparar os estatutos da Comissão, que definirão as competências e funções do organismo. O objetivo do encontro inicial, na Cidade do Vaticano, foi apresentar ao Papa Francisco recomendações relativas às funções da Comissão e elaborar propostas para a nomeação de novos membros oriundos de diversas partes do mundo.

Nesse momento inicial, a pretensão é discutir como será feito o trabalho da Comissão, examinando propostas e vislumbrando cooperações futuras com membros da Cúria Romana, órgão administrativo da Santa Sé, constituído pelas autoridades que coordenam e organizam o funcionamento da Igreja Católica.

Com o tempo, o grupo deverá propor iniciativas para estimular a responsabilidade local no mundo e a troca recíproca de "práticas melhores” para a proteção da infância e adolescência, com iniciativas de treinamento, educação, formação e resposta aos abusos. "Achamos particularmente importante garantir o exercício da responsabilidade na Igreja, incluindo o desenvolvimento dos instrumentos para protocolos e procedimentos eficazes e transparentes”, afirmou a Comissão à imprensa.

Para isso, serão sugeridos a Francisco caminhos para exprimir com precisão o caráter da comissão, sua estrutura, atividades e objetivos. "Está claro, por exemplo, que a Comissão não tratará casos individuais de abuso, mas poderá apresentar recomendações sobre diretrizes para assegurar a obrigação da responsabilidade e práticas melhores”, explicou.

Nos estatutos, então deverão constar direcionamentos para sensibilizar os sacerdotes sobre as consequências dos abusos sexuais e da falta de escuta, de relatórios e de apoio às vítimas e suas famílias. "Enquanto os católicos se empenham em tornar nossas paróquias, escolas e instituições lugares seguros para todos os menores, nós nos empenhamos junto com as pessoas de boa vontade em garantir que as crianças e os adultos vulneráveis sejam protegidos contra os abusos”, afirmou a Comissão.

Histórico
Nos últimos anos, várias denúncias surgiram em muitas partes do mundo referentes ao abuso sexual de crianças e adolescentes praticados por clérigos da Igreja Católica. Brasil, Portugal, Alemanha, Austrália, Espanha, Bélgica, França, Reino Unido, Irlanda, Canadá e Estados Unidos se destacam na repercussão dos casos.

Escândalos sucessivos levaram o então Papa Bento XVI, em 2010, a afirmar que Deus guiaria "no caminho da coragem que precisamos para não nos deixarmos intimidar pelas fofoquinhas da opinião dominante e nos dar coragem e paciência para apoiar os outros”. Católicos chegaram a se reunir diante da Abadia de Westminster, considerada a igreja mais importante de Londres (Inglaterra), pedindo a saída do pontífice.
Depois que Francisco assumiu o papado, em março de 2013, ele afirmou que a Igreja deveria ter a proteção dos jovens entre as suas mais altas prioridades, anunciando a Comissão em 05 de dezembro daquele ano e a instituindo em 22 de março de 2014.

* Com informações da Official Vatican Network.

http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=80486

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