Feminicídio íntimo
Crime cometido por um marido, namorado ou ex-parceiro. A OMS e a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres descobriram que mais de 35% de todos os assassinatos de mulheres no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em comparação, o mesmo estudo estima que apenas 5% dos assassinatos de homens são cometidos por uma parceira.
Os casos de feminicídio íntimo têm crescido nos últimos anos entre as grávidas, segundo relatos de polícia e registros médicos coletados pela OMS.
Crimes em nome da “honra”
“Crimes de honra” são assassinatos de meninas ou mulheres a mando da própria família, por alguma suspeita ou caso de transgressão sexual (quebra de regras e/ou tabus) ou de comportamento, tais como adultério, relações sexuais ou gravidez fora do casamento – ou mesmo, se a mulher for estuprada.
O crime é praticado para não “manchar o nome da família”.
A ONU estima que, no mínimo, 5 mil mulheres são mortas por crimes de honra no mundo por ano. Os assassinatos ocorrem de diversas formas, como por armas de fogo, facadas e estrangulamentos; também sendo comuns que as mulheres sejam mortas queimadas, apedrejadas, obrigadas a tomar venenos e jogadas pela janela.
Casamento forçado
Mais de 100 milhões de meninas poderão ser vítimas de casamentos forçados durante a próxima década, segundo estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Estes casamentos ocorrem em todo o mundo, mas são mais comuns no Sul da Ásia e em zonas da África Subsaariana, atingindo 65% de meninas em Bangladesh, 48% na Índia e 76% no Níger, por exemplo.
As menores casadas têm pouca ou nenhuma escolaridade e, portanto, poucas oportunidades de educação, limitando sua capacidade para ingressar no mercado de trabalho e ter um rendimento independente.
O casamento arranjado costuma ocorrer por “proteção da virgindade”, “honra da família”, além de “proteção e segurança econômica” – sendo a pobreza um dos principais fatores. Muitas vezes, as mulheres são trocadas por animais (como camelos) e dívidas.
Feminicídio relacionado ao dote
É mais evidente no continente indiano, onde ainda há o costume do dote (quantia de bens ou dinheiro oferecida ao noivo pela família da noiva, para acertar o casamento).
Geralmente, ocorre com mulheres recém-casadas que são mortas por sogros por esse motivo.
Algumas instituições calculam que 25 mil mulheres recém-casadas são mortas ou mutiladas a cada ano, como resultado da violência relacionada ao dote. Neste caso, grande parte das mulheres tem o corpo incendiado.
De acordo com o estudo Global Burden of Disease, realizado pela OMS, edição 2012, as queimaduras são a 7ª causa mais comum de morte entre as mulheres com idades entre 15 e 44 anos em todo o mundo. Na região sudeste da Ásia, o fogo foi a 3ª causa mais comum dessas morte.
Feminicídio não-íntimo
Crime é cometido por alguém que não tenha relacionamento íntimo com a mulher. A região da América Latina é uma das mais conturbadas por crimes como este: estupros, assédios e assassinatos, por discriminação de gênero. Pelo menos 400 mulheres foram brutalmente assassinadas na década passada, em Ciudad Juárez, na fronteira do México com os EUA, por exemplo. Em 2008, mais de 700 mulheres foram assassinadas na Guatemala. Muitos desses assassinatos foram precedidos por abuso sexual brutal e tortura.
Mutilação genital feminina
Embora ocorra em vários países, principalmente no continente africano, a mutilação genital feminina (FGM, na sigla em inglês) não é considerada internacionalmente como algo legítimo, por ser muito violenta e agredir os direitos sexuais das mulheres. Porém, mesmo ilegal, é praticada em diversos países como no Egito, sendo perpetuado por grupos que seguem determinadas culturas e religiões. É uma prática exercida pelas próprias famílias, como avó e mães.
Mais de 135 milhões de meninas e mulheres vivas já foram cortadas nos 29 países da África e Oriente Médio, onde a prática está concentrada. A ONU estima que até 2030 mais de 86 milhões de meninas ainda serão mutiladas. Em média, 6 mil mulheres por dia sofrem mutilação genital.
Em alguns países, como a Somália, a incidência de mulheres que sofrem mutilação é de 99%. A média de idade varia de um local ao outro, mas pode ocorrer logo após o nascimento. Há vários tipos de mutilação, desde a remoção do clitóris até dos grandes lábios. Em casos extremos, a vagina da vítima é inteira costurada.
Formas de combate
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, considera a violência contra mulheres uma das violações de direitos humanos mais presentes no mundo. A Organização possui uma campanha chamada “Una-se pelo fim da violência contra as mulheres”.
Além dos direitos humanos e da educação, a OMS cita seis maneiras de combate ao feminicídio. São elas:
• Reforçar a vigilância e rastreio de violência por parceiros íntimos: trabalho de cooperação entre polícia, médicos e agências, com objetivo de coletar e relatar com mais detalhes a relação vítima-infrator e a motivação para o homicídio
• Capacitar e sensibilizar profissionais de saúde: em alguns locais, como nos EUA, estudos têm mostrado que grande parte das mulheres acessa os serviços de saúde (por causas de violência) no ano anterior ao de ser morta pelos parceiros
• Capacitar e sensibilizar policiais: junto de entidades de proteção às crianças, a polícia é o principal serviço que pode dar suporte às menores afetadas pelo feminicídio
• Aumentar a prevenção e pesquisa de intervenção: segundo a OMS, esta é a melhor maneira de reduzir o feminicídio no mundo, pois intimida a violência de parceiros. Entender como os crimes acontecem torna o trabalho de prevenção mais fácil
• Reduzir a posse de armas e fortalecer as leis sobre armas: o risco de morte entre as mulheres vítimas do feminicídio cresce três vezes quando existe uma arma em casa
• Reforçar a vigilância, investigação, leis e consciência de assassinato em nome da "honra": advogados têm relatado sucesso na sensibilização destes crimes por meio da coleta e análise de dados, processos e decisões judiciais, utilizando como referência os direitos humanos internacionais – instrumentos relevantes para a proteção de direitos das mulheres
http://noticias.terra.com.br/mundo/violencia-contra-mulher/
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