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quinta-feira, 1 de maio de 2014

É normal ser ansioso?

Resposta: Ansiedade é uma vivência humana universal, dentro do espectro da normalidade, é proximamente associada à vivência de medo.Como todo estado emocional a ansiedade é um sinal, preparando o indivíduo para o que poderá acontecer dado um certo contexto ambiental específico.

Do ponto de vista biológico, é um estado de funcionamento cerebral ligado à percepção de contextos ambientais potencialmente ameaçadores, que possibilita a identificação do perigo e o grau da ameaça (potencial, distante ou iminente) e leva a ações comportamentais específicas de enfrentamento.

Ansiedade antecipatória X ansiedade tipo pânico
A ansiedade tipo antecipatória se diferencia da sensação de ansiedade tipo pânico (vivenciada como medo) por ser uma resposta emocional a uma ameaça desconhecida, potencial ou distante.

A ansiedade é considerada patológica quando o mecanismo de alerta para os perigos internos ou externos em potencial é excessivo, desproporcional, desadaptativo ou leva a sofrimento intenso.

Nos casos clínicos mais comuns, o indivíduo parece estar genericamente ansioso na ausência de qualquer ameaça identificável. Não existe uma divisão precisa entre ansiedade normal e patológica, sendo sempre de modo arbitrário e subjetivo que decide-se ou não pelo tratamento.

As manifestações da ansiedade patológica podem ser subdivididas e organizadas de modo a facilitar o entendimento dos sinais e sintomas para discriminação clínica.

Manifestações cognitivas, psíquicas ou mentais incluem as vivências de medo, angústia e preocupação. A ansiedade difusa se manifesta no indivíduo que interpreta uma grande variedade de situações como ameaçadoras e apreensão por provável resultado desfavorável, o indivíduo tende a se deter aos aspectos negativos e ameaçadores das situações do cotidiano. Inclui-se tensão, inquietação interna, apreensão desagradável, opressão e desconforto subjetivo, preocupações exageradas, insônia, insegurança, irritabilidade, distraibilidade, desconcentração,desrealização, despersonalização, etc.

Manifestações físicas ou somáticas incluem sensação de falta de ar, hiperpneia (aceleração e intensificação dos movimentos respiratórios), taquicardia, dificuldade para engolir, náusea, boca seca, desconforto abdominal que podem ser consequentes à liberação ou hiperatividade adrenérgica componente fisiológico da ansiedade e do medo.

Outros sintomas físicos são complicadores encontrados devido à hiperventilação como tontura, vertigem, sensação de desmaio, dor no peito ou devido à hipertonia muscular (tensão excessiva em músculos) que evolui com tremores generalizados, dores inespecíficas e generalizada e espasmos musculares.

Outras manifestações da ansiedade patológica ou consequência dessa são as manifestações comportamentais de esquiva ou fuga, inquietação e exploração do ambiente antecipando perigo ou ameaça, sobressaltos, hiperreatividade a estímulos e insônia.

A ansiedade ainda pode ser apreendida pelo avaliador se manifestar de forma tônica ou constante, o que caracteriza o transtorno de ansiedade generalizada, além das outras manifestações citadas anteriormente.

Crises ou ataques paroxísticos (recorrência ou intensificação súbita dos sintomas) de ansiedade, denominamos ataques de pânico, quando uma série de sintomas subitamente se instalam em cerca de dez minutos.

A ansiedade patológica pode ainda estar associada a eventos, objetos ou situações identificáveis. Ou seja, denominada ansiedade situacional ou pode ocorrer de forma imotivada ou espontaneamente, ou seja, ansiedade espontânea.

Para encerrar, qualquer transtorno mental é decorrente de uma complexa interação de fatores biológicos, psicológicos e até sociais. Transtornos de ansiedade têm uma carga genética, mas pode haver uma espécie de aprendizado pelo convívio com parentes ansiosos e componentes estressores presentes em diversas situações de vida.

Sugestão de Leitura: www.amban.org.br

Prof. Dr. JOEL RENNÓ JR
Ph.D em Ciências.
Professor Colaborador Médico do Departamento de Psiquiatria da FMUSP.
Diretor do Programa de Saúde Mental da Mulher do Instituto de Psiquiatria da USP (IPq-USP).
Coordenador da Comissão de Estudos e Pesquisa da Saúde Mental da Mulher da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Médico do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein - SP.

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