módulo: o que querem as mulheres? poéticas e políticas feministas na atualidade
curadoria: margareth rago
a enorme expansão dos feminismos branco, negro, indígena e comunitário constitui um fenômeno da atualidade que chama a atenção e pede explicações. embora se trate de um movimento nascido no século xix, os feminismos vivem uma grande explosão em décadas recentes, atestando mutações e deslocamentos em sua constituição e modos de atuação. vale lembrar que as mulheres não tinham o direito à vida pública, não desfrutavam do livre acesso aos negócios e aos cargos de direção, na cultura, na política ou na educação, nem podiam usufruir da sociabilidade nos bares, restaurantes ou cafés, pelo menos nas mesmas condições que os homens. além de serem consideradas incapazes de se autogovernarem, devendo submeter-se à autoridade masculina, eram também excluídas do direito ao corpo e à sexualidade, sob pena de serem olhadas como anormais.
em nossos dias, a dicotomia eva/virgem maria foi questionada à exaustão, assim como inúmeros mitos relativos ao corpo feminino. os feminismos politizaram radicalmente a entrada das mulheres na esfera pública, conferindo novos sentidos à sua ação e participação na vida social, política e cultural. pode-se dizer que a grande conquista feminina e feminista do chamado “século das mulheres”, o século xx, foi o direito à existência, sem o que é impossível começar, se queremos um mundo fundado na justiça social, no respeito e na liberdade.
assim é de se perguntar: o que querem as mulheres hoje, num mundo em que já são reconhecidas como capazes de gerirem a própria vida, de assumirem a direção de empresas e instituições e de serem competentes chefes de família? o que querem as mulheres quando a virgindade deixa de ser uma exigência para o casamento e quando a maternidade, agora voluntária, deixa de ser considerada como missão necessária para a realização de uma suposta essência feminina? e como as mulheres enfrentam os desafios atuais, considerando-se o registro crescente da violência doméstica e de gênero, assim como os ataques dos grupos conservadores misóginos em ascensão no mundo neoliberal? para debater essas questões, este módulo reúne pensadoras e ativistas feministas de diferentes áreas do conhecimento, com larga experiência de militância pela autonomia das mulheres.
24/06 | sex | 19h
da insubmissão feminista na atualidade
com margareth rago, historiadora e professora titular da unicamp
reorganizando-se, nos anos de 1970, como um movimento de esquerda e anticapitalista, envolvido com as lutas contra a ditadura, o patriarcado e as desigualdades de gênero, sociais e étnicas, os feminismos se pluralizam e vivem grandes mutações, no brasil e na américa latina, nas décadas seguintes. se as conquistas feministas são enormes, se se pode dizer que anunciam e praticam outras artes do viver, desde então, os chamados “novos feminismos” registram descontinuidades em relação às pautas, ênfases, reivindicações e composição social dos movimentos feministas. novos desafios se colocam com a expansão do neoliberalismo, da racionalidade da empresa, que invade todas as dimensões da vida social e com as sofisticadas formas de controle e produção biopolítica do indivíduo. além disso, as forças conservadoras, dentre as quais a religiosa, se manifestam com maior frequência, enquanto aumenta a violência contra as mulheres, a exemplo das taxas de feminicídio e das novas formas da guerra que marcam ou mutilam seus corpos. como os feminismos respondem a essas situações?
local: instituto cpfl cultura (rua jorge figueiredo corrêa, 1632, chácara primavera, campinas – sp);
data: 24/06/16
horário: 19h;
capacidade: 180 lugares;
classificação etária: 14 anos;
transmissão online pelo http://www.institutocpfl.org.br/cultura/aovivo
entrada gratuita, por ordem de chegada, a partir das 18h. vagas limitadas (lotação da capacidade da sala);
mais informações: 19. 3756-8000
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