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sábado, 28 de maio de 2016

Vozes adolescentes reagem à barbárie do estupro coletivo

Minha geração fracassou na denúncia e no combate ao mais infame dos crimes. Minha voz é nada. Prefiro a das garotas que ocuparam esta coluna

CRISTIANE SEGATTO
27/05/2016

Diante da barbárie do estupro coletivo de uma garota de 16 anos no Rio de Janeiro, minha voz é nada. Pura irrelevância diante de tudo o que as adolescentes de 2016 têm sido capazes de expressar nas redes sociais, nos grupos de discussão e nas ruas. 

Por mais que tenha feito, minha geração fracassou na denúncia e no combate ao mais infame dos crimes. Não demos uma resposta coletiva, organizada e veemente como a da nova geração. 

Um estupro é coletivo não apenas por ter sido cometido por 33 homens, sem que nenhum deles tentasse impedi-lo. É coletivo porque pretende subjugar todas as mulheres. É um crime que grita por punição exemplar, tanto quanto os casos abomináveis do Piauí. Assim como cada uma das quase 50 mil ocorrências que destroem histórias e abalam famílias ano após ano, sem que o Brasil sequer se envergonhe sinceramente delas. 

A barbárie do estupro e o machismo de todos os dias são fruto da mesma cultura. Uma cultura que só pode ser quebrada se a indignação crescer a ponto de produzir transformações sociais profundas. Esse não é um assunto de mulher. É um tema da humanidade. Da total ausência de empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro.

A empatia é um dos pontos levantados pelas adolescentes paulistanas de 15 a 17 anos que fizeram o áudio desta coluna. São meninas que se reúnem periodicamente para discutir o papel das mulheres e as agressões machistas (veladas ou explícitas) de todos os dias. “Um estupro não pode ser algo banal”, diz uma delas. “Não pode ser uma conversa de café da manhã.” “Empatia é o que falta para o mundo mudar.”

Essa geração de meninas pode mudar o mundo. Boto fé nisso e quero estar com elas.



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