Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Nas Américas, mulheres pagam até 40% mais caro por serviços de saúde, alerta OPAS

No entanto, público feminino proporciona mais cuidados de saúde não remunerados do que os homens, como assistência a familiares idosos. Saúde e gênero foram tema de simpósio em Curitiba do qual participaram a Organização Pan-Americana da Saúde, a ONU Mulheres e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Profissionais de saúde prestam atendimento às gestantes no Iperba, em Salvador. Foto: Midiã Santana/UNFPA Brasil
Profissionais de saúde prestam atendimento às gestantes no Iperba, em Salvador. Foto: Midiã Santana/UNFPA Brasil
Nas Américas, as mulheres pagam de 16 a 40% a mais por serviços de saúde, embora proporcionem mais cuidados não remunerados que os homens – como assistência a familiares idosos. O público feminino da região também apresenta um maior número de necessidades médicas não atendidas.
As informações são da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que participou na terça-feira (24) de um simpósio sobre saúde e igualdade de gênero durante a 22ª Conferência Mundial da Saúde, em Curitiba.
Segundo a coordenadora da Unidade Técnica de Gênero, Família e Curso de Vida da agência regional da ONU, Haydee Padilla, apesar das disparidades registradas entre homens e mulheres, países americanos têm conquistado avanços significativos.
“Em uma pesquisa recente da OPAS/OMS, verificamos que 19 de 32 Estados adotaram políticas para gênero e saúde, 88% têm dados separados por sexo e idade, 53% têm dados separados por etnia e 56% comprometeram recursos para aumentar capacidades em gênero e saúde”, explicou.
“Com informações detalhadas, somos mais assertivos no que fazemos e podemos evidenciar ante os tomadores de decisões quais os problemas e onde utilizar melhor os recursos.”
Também presente no encontro, a representante da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman, destacou que “mais da metade da população brasileira é formada por mulheres e negros”.
“Por isso, precisamos falar de gênero e raça. Precisamos de ações afirmativas, fazer coisas especiais para as populações que estão ficando para trás, porque temos que caminhar todos juntos”, ressaltou.

Homem branco heterossexual não pode ser padrão de políticas públicas

O pesquisador e professor da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcos Nascimento, destacou ser necessário que a população masculina participe mais ativamente da promoção da saúde reprodutiva. “Muitos homens não se preocupam com isso, como se reprodução fosse uma tarefa apenas da mulher.”

Muitos homens
não se preocupam com isso,
como se reprodução
fosse uma tarefa apenas da mulher.

O especialista alertou ainda que, quando se trata de gênero e masculinidade, não se podem esquecer questões como raça, etnia, pobreza e orientação sexual.
De acordo com o psicólogo e ex-coordenador da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem, Eduardo Schwarz, o desafio de trabalhar com gênero é integrar o modelo biomédico com o biopsicossocial.
“Cada homem é um universo e está dentro de um coletivo. Não estou falando só do homem branco, heterossexual, de classe média. Estou falando também de negros, das travestis, de pescadores, índios”, disse.

Preconceito contra pessoas trans é obstáculo ao acesso à saúde

Outra participante do simpósio, a professora do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Uberlândia, Flávia Teixeira, chamou atenção para a discriminação enfrentada pela população trans em locais de atendimento.
“Para garantir o acesso aos serviços de saúde para pessoas trans, é necessário que profissionais e serviços de saúde sejam, concomitantemente, competentes e respeitosos”, alertou.
Segundo a especialista, o preconceito costuma fazer esse grupo adiar ao máximo o uso dos serviços de saúde e, assim, acessar mais os serviços de emergência. “É preciso capacitar os serviços de emergência porque é muitas vezes a porta de entrada delas e, em muitas situações, a única porta de entrada.”
Teixeira também ressaltou a necessidade de não reduzir o/a transexual como “presa no corpo errado”. “Não se deve antecipar a demanda, deixe que a pessoa informe a queixa.”
A professora enfatizou ainda que as instalações físicas das unidades de saúde precisam estar adequadas para legitimar o reconhecimento da população trans nos serviços de saúde.
“É o caso do acesso ao banheiro, da presença de cartazes, da conscientização de todos os profissionais, começando pelos responsáveis pela segurança e recepção. Com medidas como essas, você acaba com aquele sentimento de improviso e favor”, explicou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário