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domingo, 29 de maio de 2016

Por trás do visual ‘desleixado’ das cientistas

Aparência das mulheres pode interferir na percepção de suas carreiras

28 maio, 2016

Por trás do visual ‘desleixado’ das cientistas
Os cientistas concluíram que a aparência da mulher afeta mais na percepção de sua carreira do que no caso dos homens (Foto: Wikimedia)

No mundo científico, o visual “desleixado” é um padrão que se aplica a homens e mulheres, mas as expectativas da sociedade sobre a aparência das mulheres cientistas são mais acentuadas.

Quando terminou seu doutorado, a economista Allison Schrager conta, em artigo para a revista Quartz, que foi orientada a não se vestir muito bem para entrevistas e não fazer gestos distintamente femininos, como tocar nos cabelos durante palestras, porque eles lhe conferiam um “ar superficial”. Allison comenta que já ouviu muitas vezes que é “feminina demais para ser economista”.

“Embora haja mais mulheres do que nunca nos campos da ciência hoje, as pessoas ainda têm certas expectativas de gênero sobre a aparência das mulheres cientistas”, lamenta Allison.

Não há uma escassez de artigos na internet com conselhos para jovens cientistas sobre como se vestir: o ideal é não aparentar uma preocupação muito grande com o visual. O biofísico Marc Kurchner, por exemplo, escreve: “sou mais propenso a acreditar na ciência de alguém vestindo um par de calças cáqui e uma camiseta do que alguém usando o traje de um CEO”.  A lógica é a seguinte: a preocupação com o visual sinaliza uma falta de dedicação à ciência, ou pior, uma preocupação com o dinheiro. “Para as mulheres, isso se traduz em não ser muito feminina, elegante ou bem cuidada”, diz Allison.

Um grupo de cientistas fez um experimento sobre o assunto. Eles tiram fotos de 80 cientistas das principais universidades, 40 homens e 40 mulheres, que tinham características variadas em relação a ser mais masculino ou mais feminino. Depois eles pediram a 265 americanos para ordenar estas pessoas pelo grau de feminilidade e de masculinidade. Os cientistas, então, perguntaram se as pessoas da foto eram cientistas ou professores.

Os participantes acharam que tanto os homens como as mulheres poderiam ser cientistas, mas quanto mais feminina fosse considerada uma mulher, mais achavam que ela era professora. Logo, os cientistas concluíram que a aparência da mulher afeta mais na percepção de sua carreira do que no caso dos homens. Ainda não está claro se isso é causado pelo sexismo ou pela ideia de que cientistas são assexuados.

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