por Redação
Uma pesquisa realizada com 2.500 mulheres maiores de 16 anos em quatro países - Brasil, Índia, Tailândia e Reino Unido - chamou a atenção para problemas de assédio e violência enfrentados por mulheres em todo o mundo.
Assédio no Brasil
No Brasil, a pesquisa envolveu todas as regiões do país e o resultado mostrou que 86% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio nos espaços urbanos. A taxa é a mesma da Tailândia, o que coloca os dois países à frente da Índia (70%) e da Inglaterra (75%), onde os números também são muito significativos.
As regiões brasileiras com mais mulheres vítimas de assédio são Centro-Oeste (63%), Nordeste (56%), Sul (55%), Norte e Sudeste (50%).
Formas de assédio
Segundo as brasileiras, os tipos de assédio na rua mais comuns são assobios (77%), olhares insistentes (74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%). Muitas também já foram seguidas nas ruas (50%), tiveram seus corpos tocados (44%) e foram estupradas (8%).
Não raro, é possível que uma mulher sofra diferentes tipos de assédio em um mesmo dia. Exatamente por ser algo tão comum, esse tipo de violência se banalizou, o que faz com que muitas mulheres nem se deem conta de que estão sendo vítimas. As formas de violência mais frequentes são a "mão boba", o encochar e as agressões verbais que, para muitos, são apenas "elogios", mas que incomodam e ofendem uma mulher que não autorizou a intimidade.
Medo da violência
Na pesquisa, as mulheres também foram questionadas sobre as situações em que mais sentem medo de sofrer assédio. Andar pelas ruas ficou em primeiro lugar (69%), seguido de chegar em casa depois de escurecer (68%).
Na Inglaterra e na Tailândia, as mulheres também temem andar nas ruas, enquanto na Índia, o meio é maior ao usar o transporte público.
Melhorias para mulheres
A pesquisa foi realizada pelo instituto YouGov e divulgada pela organização internacional de combate à pobreza ActionAid como parte da campanha Cidades Seguras para as Mulheres, lançada em 2014, com o objetivo de promover uma melhoria da qualidade dos serviços públicos nas cidades, tornando os espaços mais receptivos às mulheres.
Segundo a coordenadora da campanha Cidades Seguras para as Mulheres no Brasil, Glauce Arzua, a violência e o assédio nos espaços públicos impedem as mulheres de quebrarem ciclos de pobreza em que vivem e limitam seus acessos aos estudos e ao trabalho. “A política urbana deve incorporar a perspectiva das mulheres para garantir que possam desfrutar plenamente das cidades em que vivem. Em termos de qualidade dos serviços públicos propriamente, eles precisam ser disponíveis, seguros, acessíveis, eficientes, realmente públicos e ter uma gestão participativa”, explica.
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