Com foco nos altos índices de feminicídio, campanha alerta sobre as consequências do decreto presidencial que flexibiliza a posse de armas no país
Agência Patrícia Galvão, 08/03/2019
Os dados sobre violência contra as mulheres no Brasil têm revelado que a casa é o local mais inseguro para as mulheres, que são assassinadas, sobretudo, por seus atuais ou ex companheiros. Só em 2017, segundo o 12º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, das 4.539 mulheres assassinadas, pelo menos 1.133 foram vítimas de feminicídio.
Já o sistema Datasus / Ministério da Saúde aponta que, em 2016, 2.339 mulheres foram mortas por armas de fogo no Brasil, o que significa, em média, metade dos homicídios de mulheres naquele ano. Desse total, 560 foram assassinadas dentro de casa.
São dados que apontam para a gravidade do Decreto nº 9.685, que flexibiliza a posse de armas no Brasil, país que já ostenta a vergonhosa posição de 5ª nação no mundo que mais mata mulheres. Especialistas que trabalham no enfrentamento à violência contra a mulher alertam que a existência de uma arma de fogo em casa pode tornar ainda mais difícil para a mulher romper com o ciclo da violência, aumentando sua vulnerabilidade e o medo de sofrer uma retaliação do parceiro. Além disso, se há casos em que as mulheres sobrevivem à tentativa de feminicídio é, em larga medida, porque o instrumento de violência foi de mais baixa letalidade.
São dados que apontam para a gravidade do Decreto nº 9.685, que flexibiliza a posse de armas no Brasil, país que já ostenta a vergonhosa posição de 5ª nação no mundo que mais mata mulheres. Especialistas que trabalham no enfrentamento à violência contra a mulher alertam que a existência de uma arma de fogo em casa pode tornar ainda mais difícil para a mulher romper com o ciclo da violência, aumentando sua vulnerabilidade e o medo de sofrer uma retaliação do parceiro. Além disso, se há casos em que as mulheres sobrevivem à tentativa de feminicídio é, em larga medida, porque o instrumento de violência foi de mais baixa letalidade.
Destacando a urgência de impulsionarmos esse debate dentro e fora das redes, desde uma perspectiva feminista e antirracista, no próximo 11 de março, a campanha #armadasdeinformação será lançada em uma ação coletiva entre organizações feministas e de direitos humanos. São elas: , , , , e . A ação conta, ainda, com o apoio do projeto Diálogos Nórdicos – uma iniciativa das embaixadas nórdicas no Brasil (Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia) e do Instituto Cultural da Dinamarca.
Para marcar o lançamento da campanha, um tuitaço será realizado às 14 horas com a hashtag #armadasdeinformação. Além disso, trazendo a voz, principalmente, de mulheres negras, indígenas e LBTs, serão disponibilizados nas redes, textos, cards, vídeos e demais materiais com a expectativa de que mais pessoas e entidades possam somar na ação coletiva.
A campanha #armadasdeinformação vai, assim, ao encontro da pesquisa Datafolha divulgada no final de 2018 e que revelou um aumento na rejeição da população brasileira às armas de fogo: 61% dos entrevistados afirmaram ser contrários à posse de armas (no levantamento anterior eram 55%). As mulheres são as que mais rejeitam a posse de armas: 71% contra 51% dos homens.
Pré-lançamento da campanha
Como parte das ações da campanha #armadasdeinformação, o portal Le Monde Diplomatique publicou hoje, no Dia Internacional das Mulheres, o artigo , de autoria da diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão, Marisa Sanematsu. Na avaliação da diretora, fica evidente que “o governo deveria preocupar-se em restringir a posse dessas armas, pois ampliar a permissão contribuirá para armar agressores em potencial”. O artigo destaca, ainda, que com esse decreto o Brasil coloca-se na contramão da tendência mundial de promover políticas de desarmamento, que já mostraram efeitos positivos, como o conhecido caso da África do Sul, que desde 2000 tem uma legislação mais restritiva de controle de armas e assistiu a uma redução do índice de assassinatos a tiros por parceiros de 34% para 17%, entre 1999 e 2009.
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