Fotos mostram frases que vítimas de abuso sexual costumavam ouvir
Projeto "Unbreakable" foi criado pela estudante americana Grace Brown para denunciar crimes de abuso sexual e já conta com cerca de mil fotos.
Debora Pivotto
De tanto ouvir histórias de amigos e conhecidos que sofreram algum tipo de abuso sexual, a americana Grace Brown, 19 nos, decidiu que queria fazer algo para denunciar esse crime. “A minha ideia era mostrar para as pessoas que é um problema muito mais comum do que a gente pensa”, diz Grace.
Para isso, a estudante de fotografia teve a ideia de criar um projeto simples, mas muito impactante. Fotografou as vítimas segurando um cartaz com frases que costumavam ouvir dos abusadores – e que nunca foram esquecidas. Coisas como “Se você contar para alguém, ninguém vai acreditar” ou “é isso que os pais costumam fazer com as filhas”.
Assim, nasceu em novembro de 2011 o projeto Unbreakable (inquebrável, em português), que já conta com quase mil fotografias de pessoas do mundo todo. Veja a seguir uma entrevista com a estudante e uma galeria com mais fotos do projeto.
"Não use roupas íntimas esta noite" - noivo da minha mãe (eu tinha 6) (Foto: Grace Brown/divulgação) |
Como surgiu a ideia do Unbreakable?
Eu já tinha ouvido muitas histórias de pessoas que tinham sofrido abusos, e elas foram ficando cada vez mais frequentes. Até que um dia, uma amiga desabafou comigo e contou que também já tinha sido uma vítima. E lidar com o sofrimento de uma outra pessoa foi algo muito difícil pra mim. Tive a sensação de que aquilo iria acontecer sempre com os meus amigos. E no dia seguinte, eu acordei com a ideia do projeto.
"Se contar para alguém, seus
pais não vão mais te amar" |
Quantas pessoas já participaram?
Eu já fotografei cerca de 160 pessoas e outras 800 mandaram as próprias imagens.
Algum brasileiro?
Nunca me preocupo muito com a origem das imagens, mas já vi sim pessoas do Brasil.
Por que acha que tanta gente quer participar? Como isso pode ajudá-las a superar a questão?
Quando as pessoas passam por situações como essa, muitas vezes, elas não percebem que aquilo é como uma pedra no estômago que estão carregando. Participar do projeto é uma chance de liberar um pouco isso e dizer que ‘sim, eu passei por tudo isso e sobrevivi, sou inquebrável’. As frases são muito pesadas. Eu quis fazer o projeto para mostrar como o abuso sexual é muito mais frequente do que se pensa. Nem imaginei que fosse ter um processo de "cura" por trás disso. Mas algumas semanas depois, as pessoas começaram a falar como tinha sido catártico participar do projeto.
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