Durante lançamento de pesquisa, ministra Eleonora ressalta parceria com Instituto Avon e enumera ações do governo federal para acabar com a violência contra as mulheres. Foto: Nei Bomfim/SPM
Realizado com 1.500 pessoas – entre elas 2/3 de homens – levantamento constata alguns posicionamentos masculinos sobre as relações de gênero: 89% não aceitam que a mulher não mantenha a casa em ordem, 53% deles atribuem à mulher a responsabilidade pelo casamento dar certo; 69% não concordam que ela saia com amigos sem sua companhia e 46% consideram inaceitável que ela use roupas justas e decotadas
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O estudo “Percepções dos Homens Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher” mostra que 41% dos brasileiros (homens e mulheres) conhecem ao menos um homem que foi violento com sua parceira (atual ou ex). Perguntando diretamente aos homens se já tiveram esse tipo de atitude, apenas 16% admitem que sim (isso representa 8,8 milhões de homens). No entanto, ao se listar algumas atitudes que são entendidas como violência doméstica, sem dar essa explicação aos homens, 56% deles admitemter cometido ao menos uma dessas condutas. Os resultados foram divulgados na manhã desta sexta-feira (29/11), em São Paulo
Esses são alguns dos dados da pesquisa, realizada com 1.500 pessoas, de 50 municípios, nas cinco regiões brasileiras, entre agosto e setembro de 2013, com o objetivo de captar percepções masculinas relacionadas à violência doméstica contra a mulher e os estereótipos de gênero que contribuem para a perenidade dessa violência. Os homens representam dois terços dos entrevistados.
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), chamou atenção para a necessidade de mobilização social para além dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres e ressaltou a colaboração do Instituto Avon com o governo federal.
Menicucci falou sobre as ações do governo federal para o enfrentamento à violência de gênero. Citou a sanção da Lei 12.845/13, pela presidenta Dilma Rousseff, que torna obrigatório o atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às vítimas de violência sexual e o programa‘Mulher, Viver sem Violência’, da SPM, que aloca investimentos em várias áreas, inclusive, a transformação da Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 em disque-denúncia.
Fim da violência – O presidente da Avon Brasil, David Legher, salientou o trabalho da SPM nas políticas para enfrentamento à violência contra as mulheres e formulação da Lei Maria da Penha. Conclamou o público para a eliminação da violência de gênero. “Ainda estamos longe de poder resolver aqui no Brasil, mas não só no Brasil, no mundo. Temos pesquisa de que uma em cada três mulheres no mundo já sofreu violência doméstica. Por isso, a campanha se chama Fale sem Medo”, apontou.
Mobilização social – SchumaShumaher, coordenadora-executiva da Rede de Desenvolvimento Humano (Redeh), exibiu um dos clipes da segunda fase da campanha ‘Quem Ama Abraça – Fazendo Escola’, voltada à mobilização de crianças e adolescentes. O filme estrelado por cantoras e cantores de funk, hip hop e pop pretende engajar a juventude no apoio às mulheres em situação de violência, além de prevenir comportamentos violentos e esclarecer sobre direitos e cidadania.
“A campanha conta com a parceria excepcional do Instituto Avon e da SPM, dando a maior importância para as políticas públicas. Queremos construir uma onda nesse país, uma onda de enfrentamento. Sabemos que ninguém nasce violento, mas aprende. E o que queremos é que as pessoas aprendam e a gente possa formar cidadãos e cidadãs com outro entendimento de ser mulher nesse mundo”, explicou Schuma.
Novas facetas – A presidente do Instituto Avon, Alessandra Ginante, retomou o objetivo da pesquisa como revelação de novos dados da cultura patriarcal e sexista que desencadeiam comportamentos e atitudes violentas contra as mulheres. “A pesquisa tem foco diferenciado, não apenas para vermos estritamente como vilões, mas por ele ser um protagonista e entendê-lo. Ao longo do tempo, a gente fortaleceu várias parcerias com a SPM. Por meio da Secretaria, contatamos a Redeh e sua campanha Quem Ama Abraça”, contou.
Parcerias - A secretária municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Denise Dau, convocou ampla rede de parceiros para combater a violência de gênero. “A política completa é a estruturação da rede de enfrentamento. Por isso, a criação de Secretarias de Políticas para as Mulheres nas cidades e nos estados é muito importante. Mas só isso não basta, é preciso a participação da sociedade, das pessoas, das instituições e das empresas no enfrentamento à violência contra as mulheres”, reiterou.
Dados sobre relações de gênero - Na apresentação da pesquisa, Renato Meireles, sócio-diretor do Instituto Data Popular, alertou as diferentes facetas da violência e os papéis de gênero. “Para 60% das pessoas, o adulto mais bravo na infância era o pai; e para 74%, o adulto mais carinhoso na infância era a mãe. Em outras palavras, estamos dizendo que as atitudes de carinho são da mãe, e as de raiva, do pai”. E sentenciou: “Muitos homens ainda concordam com o perfil tradicional do machão: 85% dos homens não acha aceitável uma mulher ficar bêbada. E 89% não aceitam que a mulher não mantenha a casa em ordem”.
Principais dados – Pesquisa Instituto Avon/Data Popular – Percepções dos Homens Sobre a Violência Doméstica contra a Mulher
• 53% dos homens entram no casamento com muita expectativa de felicidade (dizem que esse sempre foi um dos maiores sonhos da vida);
• 53% deles atribuem à mulher a responsabilidade por este casamento dar certo;
• 85% acham inaceitável que ela fique alcoolizada;
• 69% não concordam que ela saia com amigos sem sua companhia;
• 46% consideram inaceitável que ela use roupas justas e decotadas;
• 89% dos homens consideram inaceitável a mulher não manter a casa em ordem;
• 29% deles apontam que “o homem só bate porque a mulher provoca”;
• para23% dos homens, “tem mulher que só para de falar se levar um tapa”;
• para12%,“se a mulher trair o marido, ele tem razão em bater nela”;
• 67% dos autores de violência presenciaram discussão entre os pais na infância, enquanto entre os não-agressores este número cai para 47%;
• dentre os agressores, 21% presenciaram agressão física. Entre os não agressores, esse índice cai pela metade, 9%;
• 92% dos homens se disseram favoráveis à Lei Maria da Penha, embora 35% tenham afirmado desconhecê-la parcial ou totalmente;
• a maioria dos homens não entende que a Lei Maria da Penha atua para reduzir a desigualdade de gênero: para 37% deles, as mulheres desrespeitam mais o homem por causa da Lei e 81% defendem a ideia de que os homens também deveriam ser protegidos por esta Lei.
• 53% deles atribuem à mulher a responsabilidade por este casamento dar certo;
• 85% acham inaceitável que ela fique alcoolizada;
• 69% não concordam que ela saia com amigos sem sua companhia;
• 46% consideram inaceitável que ela use roupas justas e decotadas;
• 89% dos homens consideram inaceitável a mulher não manter a casa em ordem;
• 29% deles apontam que “o homem só bate porque a mulher provoca”;
• para23% dos homens, “tem mulher que só para de falar se levar um tapa”;
• para12%,“se a mulher trair o marido, ele tem razão em bater nela”;
• 67% dos autores de violência presenciaram discussão entre os pais na infância, enquanto entre os não-agressores este número cai para 47%;
• dentre os agressores, 21% presenciaram agressão física. Entre os não agressores, esse índice cai pela metade, 9%;
• 92% dos homens se disseram favoráveis à Lei Maria da Penha, embora 35% tenham afirmado desconhecê-la parcial ou totalmente;
• a maioria dos homens não entende que a Lei Maria da Penha atua para reduzir a desigualdade de gênero: para 37% deles, as mulheres desrespeitam mais o homem por causa da Lei e 81% defendem a ideia de que os homens também deveriam ser protegidos por esta Lei.
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