Garoto de 11 anos foi encontrado morto no interior do RS, após desaparecimento
Menino não se dava bem com a madrasta, com quem passava boa parte do tempoReprodução/Rede Record |
Bernardo Uglinone Boldrini, de 11 anos, já era conhecido da promotora de Justiça Dinamárcia Maciel de Oliveira desde o fim do ano passado. O menino, que ela descreve como sendo amoroso e afetivo, procurou o Ministério Público para se queixar da ausência do pai, o médico Leandro Boldrini, e das ofensas da madrasta, com quem morava desde a morte da mãe, em 2010.
Antes de receber a visita de Bernardo, a promotora havia tomado conhecimento de que o menino passava por dificuldades em casa por meio de uma assistente social. Após as discussões com a madrasta, Graciele Boldrini, o rapaz ia para casa de amigos, segundo Dinamárcia.
— A situação era que o pai não sabia onde o Bernardo estava. Ele ficava na casa dos amigos da família, dos pais dos colegas da escola. O pai nunca sabia onde ele estava. Ele discutia com a madrasta, abria a porta, saía para a rua e pensava: “vou jantar na casa do fulano”. Ia lá, dormia e no outro dia de manhã passava em casa para pegar o material de escola e ir para o colégio.
Cansado do abandono, o menino resolveu procurar ajuda. Sem saber por quem ele foi orientado, a promotora conta que quando já tinha conhecimento do caso, foi surpreendida pela visita do menino.
— Eu perguntei a ele, “mas o que tu vieste fazer aqui?”. Ele me disse: “eu vim te pedir uma nova família”. Depois de cinco minutos de conversa ele estava sentado no meu colo agarrado no meu pescoço, dizendo para mim que ele queria uma nova família, porque ele queria um lar com amor.
A promotora consultou a avó materna do garoto, com quem ele não tinha contato há alguns anos, já que o pai não se dava com a ex-sogra. Jussara Uglione disse que poderia assumir a guarda do neto. Bernardo sugeriu ir para a casa de outra família, amigos dos pais. Mas eles preferiram não se envolver.
Diante da situação, a promotora comunicou o juiz Fernando Vieira dos Santos e uma audiência foi marcada para 11 de fevereiro, com Bernardo e o pai. O médico ficou “estarrecido” , segundo a promotora, porque não sabia de tal situação. Ele admitiu que se dedicava mais ao trabalho, mas disse que poderia provar que era um bom pai.
— Ele queria que a Justiça desse uma oportunidade a ele, como médico, sem antecedentes criminais, com respeito na comunidade. Conversamos com o menino e o próprio Bernardo deu uma chance ao pai. Ele disse, “mas eu quero um bichinho de estimação, eu quero que a madrasta não me xingue mais”. Condições bem próprias para a idade dele. E o juiz disse para o pai conversar com a companheira e pedir que ela se comportasse como uma adulta.
Uma nova audiência estava marcada para o próximo mês. Até saber do desaparecimento e da morte, a promotora disse que acreditava que tudo estava melhorando, porque as pessoas comentavam que quase não viam Bernardo na rua.
O caso
O assassinato do menino deixou em choque a pequena cidade de Três Passos, no interior do Rio Grande do Sul. Bernardo era filho do único cirurgião do município, conhecido por muita gente.
Após mais de uma semana desaparecido, a polícia encontrou o corpo dele em um saco, em Frederico Westphalen, a 80 km de distância de onde morava. Uma amiga da família confessou à polícia que ajudou a madrasta no assassinato. Após isso, a polícia pediu a prisão das duas e também do pai. O casal nega participação no crime.
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