A história da família que resolveu adotar um jovem de 15 anos que estava doente e com pensamentos suicidas após sua família biológica rejeitá-lo por ser gay
Corey com sua nova mãe (Reprodução)
Corey, um jovem gay e suicida de uma pequena cidade do Michigan, Estados Unidos, que sofreu abuso físico e psicológico dos pais biológicos e depois foi adotado por uma mulher solidária e sua família é a bandeira de uma realidade pouco divulgada: de jovens homossexuais que sofrem em lares de adoção ou em suas famílias por serem homossexuais. Um recente caso na justiça italiana de uma família que devolveu um jovem adotado após dois anos depois que ele se revelou gay também chamou a atenção para a vida destes jovens rejeitados por quem deveria os amar incondicionalmente.
Há dois anos, Corey tinha apenas 15 anos de idade e cresceu ouvindo que era uma aberração, que gays eram mortos por causa de seu estilo de vida pecaminoso. Ele não ousou contar aos pais que era gay e vivia uma mentira. Tinha namoradas, era popular na escola, enquanto convivia com seu segredo sufocado. Um dia, vendo TV, ele se mostrou favorável aos direitos dos homossexuais e seu pai falou: “Se algum viado vivesse nesta casa, eu dava um tiro em sua cabeça com a minha arma”. O menino entrou em pânico. Os pais saberiam, seria uma ameaça direta ou apenas mais um reflexo de um lar cheio de ódio? Em depressão profunda e alheio a atenção dos pais, ele começou a ficar doente.
Depois de uma festa, bêbado, o menino entrou na internet e pediu socorro. “Estou desesperado. As coisas vão mal e eu quero cortar os meus pulsos. Eu não estou brincando”, escreveu ele. Do outro lado da cidade, Mindy, uma fada madrinha com três filhos, um deles Aubrey, amiga de Corey, leu o desabafo. A filha contou que ele estava doente e os pais o negligenciavam, e a mulher decidiu resgatar o menino.
Corey sofreu abusos físicos e psicológicos e pensou em suicídio (Reprodução)
Depois de contar que iam às montanhas e ter a liberação dos pais de Corey, ela pode ver o menino mais de perto. Ele estava pálido, com início de pneumonia, apático. Semanas depois ele voltou para casa, ou melhor, para o trailer em que morava com a família, que não se importou com sua ausência longa. Decidido a se posicionar e com a saúde reestabelecida, ele contou a sua mãe que era gay.
A compaixão que ele esperava receber de sua mãe não veio. Ela contou ao seu pai que o espancou e gritou que um viado não moraria em sua casa, que não poderia acreditar que o demônio estava em sua frente. Assustado, Corey se trancou no quarto e ouviu o pai contar ao irmão o que estava acontecendo e dizer que ele não passava de um viado inútil. Agora eram três tentando derrubar a porta de seu quarto. O menino se trancou no banheiro e fugiu quando todos dormiram.
De volta à casa de Mindy, ele recebeu o amor de toda a família e contou que era gay e que esse era o motivo de toda a briga com sua família e de seu desespero. Sem se importar, a família o acolheu e ele nunca mais voltou para a casa onde era maltratado.
A família permaneceu forte quando vieram as críticas e bullying depois que toda a cidade soube pela própria família de Corey que ele era homossexual. Mas Corey enfrentou seus medos, pois agora tinha um porto seguro, uma família que ao seu lado enfrentava as dificuldades. Mindy e Dale, seu esposo, resolveram adotar Corey formalmente e a família de nascimento do garoto não apareceu à audiência. Eles assinaram os papéis e cederam a guarda do jovem, para a alegria da nova família.
“Eu quero que o mundo saiba que Corey é um lindo ser humano. Eu quero que eles saibam que qualquer dificuldade que passamos valeu a pena”, afirmou Mindy para um programa de rádio gay da Califórnia. O exemplo foi noticiado este mês em toda a mídia gay americana e abriu uma campanha para promover o resgate e adoção de crianças LGBT que vivem em situação de vulnerabilidade por causa do descaso e preconceito dos pais. Adote um gay, por que não?
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