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segunda-feira, 28 de abril de 2014

Três jovens matam outra na Argentina e reabrem o debate sobre o acosso escolar

A menina agredida recebeu golpes e chutes na cabeça porque se gabava por ser “linda”, segundo o juiz da causa

ALEJANDRO REBOSSIO Buenos Aires

O acosso escolar é um assunto tão debatido na Argentina que no ano passado o Congresso do país aprovou uma lei para preveni-lo. Mas a discussão permanece e foi reaberta nesta segunda-feira, depois que no domingo uma jovem de 17 anos morresse por ter sido atacada com chutes e golpes por duas colegas de escola e a irmã de uma delas.

Em Junín, uma cidade de 87.000 habitantes a 260 quilômetros ao oeste de Buenos Aires, a vítima, Nayra Cofreces, e outra amiga frequentavam o turno da noite e estavam saindo do colégio na quarta-feira para sua casa quando foram interceptadas pelas três garotas. “Declarações dos amigos indicam que (a surra) poderia ter sido dada por uma terceira garota. Ou por questões de que estas garotas (as agredidas) se achavam mais bonitas porque iam melhor vestidas que as outras. Nada de grave: coisas de adolescentes que terminam em violência”, explicou a juíza María Laura depois de escutar as testemunhas. As agressoras já foram presas, uma de 29 anos, sua irmã de 22 e uma amiga de 17, estas últimas duas colegas de colégio de Nayra.

Nas ruas de Junín, uma cidade que vive da abundante produção agrícola, as três jovens agrediram Nayra, principalmente com golpes na cabeça. A vítima chegou em casa dolorida, mas só pensou em tomar um analgésico e foi dormir. Mal pôde contar à sua irmã que as agressoras a tinham confundido, porque supostamente a vítima seria outra colega. Na quinta-feira, Nayra não acordou e foi levada a um hospital. Ali descobriram que tinha um hematoma no lado esquerdo do cérebro. Foi operada, mas depois apareceu outro hematoma. Os médicos a submeteram a uma segunda cirurgia e ficou na UTI, onde morreu.

O promotor da causa considerou que o ataque foi “premeditado” e “sem um motivo concreto”. A juíza acrescentou que a violência juvenil se repete em Junín: “Não é algo isolado o que ocorreu, a rua de modo geral está perigosa, os garotos brigam sem motivos, até limites extremos nunca vistos antes. Isto é quotidiano, acontece todos os finais de semana nos boliches (discotecas)”. 

Um da cada quatro estudantes argentinos reconhece que apanhou alguma de seus colegas. Em 2013, o Congresso aprovou uma lei que determina a criação de uma linha telefônica gratuita para denúncias e de equipes especializadas contra o acosso, entre outras medidas. A norma ainda não foi regulamentada pelo Governo de Cristina Fernández de Kirchner.

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