Centenas de britânicos muçulmanos foram ao país; 40 deles foram presos neste ano ao retornarem ao Reino Unido
PATRICIA TUBELLA Londres
O presidente sírio Bashar al-Assad na cidade de Maaloula. / SANA (EFE) |
Os responsáveis pelas forças antiterroristas britânicas fizeram um apelo sem precedentes às mulheres da comunidade muçulmana para que tentem dissuadir seus maridos e filhos de viajar à Síria como combatentes jihadistas. A campanha nacional iniciada hoje, que pede a intervenção destas mulheres, responde à inquietude do Governo diante do crescente número de cidadãos britânicos que se uniram à luta contra o regime de Bashar al-Assad.
A campanha, centrada principalmente nas cidades de Londres, Birmingham e Manchester, mostra uma mudança de tom na estratégia da polícia, que até agora se concentrava em ameaçar com a prisão –e, inclusive, com processo- os muçulmanos britânicos interceptados depois de voltarem da Síria. Quarenta pessoas foram presas neste ano nessas circunstâncias, uma cifra que dobra o total registrado em 2013. São alguns dos que voltaram dentre as centenas que, segundo as estimativas das autoridades, se deslocaram do Reino Unido para o país árabe. Outros países europeus iniciaram programas diversos para evitar que seus jovens muçulmanos se unam à guerra síria.
O Governo de David Cameron tem conhecimento da morte de ao menos vinte desses homens no conflito, entre eles Abdul Waheed Majeed, um pai de três filhos que se converteu no primeiro britânico responsável por um atentado suicida na Síria, e um adolescente de Brighton, cujo nome não foi difundido.
A partir de hoje, agentes da unidade antiterrorista da polícia e servidores públicos que trabalham na prevenção do extremismo organizarão reuniões com representantes das mulheres da comunidade muçulmana para pedir a colaboração de mães, esposas e irmãs. “Queremos nos assegurar de que as famílias preocupadas com seus entes queridos, e especialmente as mulheres, recebam a informação suficiente sobre o que podem fazer para impedir essas viagens feitas sobretudo por homens jovens”, ressaltou a coordenadora nacional do projeto, Helen Ball.
A maioria das famílias muçulmanas do Reino Unido não quer que seus filhos mudem para a Síria para participar naquela guerra mas, inclusive supondo que conheçam seus planos, muitas resistem a ir à polícia diante do temor de que eles sejam fichados como potenciais terroristas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário