Contribua com o SOS Ação Mulher e Família na prevenção e no enfrentamento da violência doméstica e intrafamiliar

Banco Santander (033)

Agência 0632 / Conta Corrente 13000863-4

CNPJ 54.153.846/0001-90

quarta-feira, 30 de abril de 2014

“Estou pronta para contar que fui abusada sexualmente na infância”

POR SHEILA WELLER DA GLAMOUR UK, COM TRADUÇÃO DE IGOR ZAHIR

O abuso sexual já ficou em segundo lugar entre os tipos de violência infantil mais comuns - e graves! São mais de 15 mil casos todo ano, só no Brasil. Lá fora, depois que Dylan Farrow escreveu um artigo para o "The New York Times" acusando o pai adotivo,Woody Allen, de estupro, mais mulheres criaram coragem de assumir que foram molestadas na infância. A seguir você confere três histórias fortes e comoventes.

Jennifer Hanes (Foto: arquivo pessoal)
Jennifer Hanes (Foto: arquivo pessoal)
“Confrontei meu agressor e depois o perdoei”
“Cresci em uma pequena cidade no Missouri e tínhamos uma vida normal: meu pai era professor, minha mãe era secretária. Mas eu sempre soube que era diferente das outras famílias. Meu pai me sentou no colo dele várias vezes para abrir sua revista Playboy e andar nu na minha frente.

No início, quando ele veio ao meu quarto depois que eu estava dormindo, senti o cheiro de álcool em seu hálito e me apavorei quando ele colocou os dedos dentro de mim. Em algum momento, quando eu tinha entre sete e 10 anos, ele começou a colocar o pênis, mesmo eu tentando impedi-lo. Não me lembro quantas vezes meu pai me estuprou. Voltei-me para a comida e por sorte não tive um distúrbio alimentar, mas eu também mergulhei em trabalhos escolares, sempre querendo ser médica. Hoje eu sou e trabalho no setor de emergências do hospital.

Há três anos, no meio de um tratamento facial, a esteticista colocou um pano quente sobre o meu rosto, da mesma forma que meu pai costumava fazer para me sufocar com um ursinho de pelúcia. ("Basta ficar em silêncio", ele dizia antes de me estuprar.) Eu pulei da mesa, paguei e corri para o meu carro. Estava chorando tanto que eu não pude dirigir. Sentei lá na solidão no meio da estrada e comecei a gritar o que eu não tinha gritado aos nove anos: "Socorro! Por favor, alguém me ajude! Eu preciso de ajuda!”.

Naquele ano, eu conversei com um psiquiatra sobre denunciar meu pai. Mas ele nem tinha mais crianças por perto. Óbvio, já que havia completado 65 anos. O médico e eu decidimos pensar sobre isso por uma semana e, em seguida, tomar uma decisão. Quase uma semana depois, meu pai foi atropelado por um carro. Eu voei para Kansas City, Missouri, e fui direto para seu quarto na UTI. Pedi para ficar sozinha com ele. Lá eu disse a ele que lembrava de tudo e que por ele ter sido tão monstruoso comigo, algo terrível deve ter acontecido com ele. E então eu disse que o perdoava. Minutos depois, ele parou de respirar. Eu sei que meu pai estava esperando apenas por essas palavras para morrer em paz”.
Jennifer Hanes, 39 anos, mora em Austin, no Texas, ao lado dos dois filhos


Trisha Fielding (Foto: arquivo pessoal)
Trisha Fielding (Foto: arquivo pessoal)
“Fui da tentativa de suicídio ao emprego de buyer”
“Meu padrasto, um sargento da Força Aérea, se confessou culpado de atos indecentes com uma menor de idade, inclusive tocando e beijando minhas partes íntimas e forçando-me a fazer a mesma coisa com as partes dele. Ele foi para a prisão por três anos. Sim, ele foi punido, mas não era compensação suficiente para o meu sofrimento.

Eu finalmente me abri com um terapeuta sobre o abuso quando tinha 13 anos, depois de tentar cometer suicídio. E mesmo depois que ele foi condenado, continuei com trauma de homens, sem autoestima, fugindo dos namorados. Então tive um filho aos 19 anos e começou a funcionar tudo normalmente para mim. Finalmente aceitei que não posso mudar e decidi ajudar outras vítimas. Fui para a faculdade e agora sou buyer de uma empresa de aviação e me sinto cada dia uma pessoa mais forte”.
Trisha Fielding, 34 anos, mora na Flórida

Liz Rattan (Foto: arquivo pessoal)
Liz Rattan (Foto: arquivo pessoal)

“Armei uma emboscada para meu agressor”
“Foi há dois anos que eu fiz a "chamada de frio." Enquanto estava lá com dois detetives, eu disquei o número do meu agressor, pronta para atraí-lo para uma conversa amigável sobre o nosso "relacionamento". Os policiais tinham clonado a linha. Eu queria provas. Conheci este homem (amigo do meu pai), dez anos antes. Aos 13 eu queria ser artista e ele era um pintor incrível. Extremamente astuto, aproveitou-se que eu era ingênua e vulnerável, com devoção cristã e infeliz em casa. "Eu sei o que você está passando", ele dizia. "Seus pais não te entendem." Comecei 
indo uma vez por semana. Eu sentava em seu sofá; ele segurava minha mão. "Você é linda", disse um dia. Então ele me beijou. Foi o meu primeiro beijo. Dentro de alguns meses, ele foi me forçando a fazer sexo oral nele. Eu me senti muito confusa. Não sabia que estava sendo usada por um mestre manipulador. Quando eu tinha 14 anos, ele começou a me estuprar, dizendo coisas como: "Se Deus nos uniu, quem é você para nos separar? "

Mas eu comecei a me apaixonar e quando estava no segundo ano na faculdade, ele era a minha vida. Fisicamente, pelo menos. Quando eu caí na depressão mais grave que se possa imaginar, sabia que precisava dizer a polícia. O caso levou um tempo, mas ele se confessou culpado de abuso sexual de menores e foi condenado. Eu nunca vou esquecer o quanto eu me sentia enjoada durante essa chamada, fingindo ter até mesmo afeição por esse cara. Obriguei-me a falar com doçura, mas o tempo todo eu estava com tanta raiva, que depois que eu desliguei, um dos agentes de segurança disse: "Eu quase comecei a rir quando você fez isso. Estou tão orgulhoso de você, quer ser detetive?”.
Liz Rattan, 25, recentemente graduada pela Universidade da Pensilvânia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário