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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Sul dos EUA descobre consequências econômicas da homofobia

João Pedro Caleiro, de EXAME.com
13/04/2016

São Paulo - Alguns estados americanos estão descobrindo o custo de atacar a população LGBT em pleno 2016.
Na Carolina do Norte, tudo começou quando a capital Charlotte passou uma lei incluindo orientação sexual e identidade de gênero na legislação anti-discriminação da cidade.
Negócios ficariam proibidos de negar serviço a alguém com base nestes critérios, e transexuais teriam garantido seu direito de usar o banheiro do sexo com o qual se identificam, e não aquele que lhes foi designado no nascimento.
O Legislativo estadual reagiu com uma lei que invalida qualquer forma de proteção deste tipo em nível local - discutida, aprovada e assinada pelo governador republicano Pat McCrory no espaço de 24 horas. A reação foi imediata.
Perda de negócios
Em uma carta pública, mais de 90 executivos afirmaram que a lei "tornaria mais desafiador para os negócios do estado recrutar e atrair os melhores e mais brilhantes trabalhadores do país, além de diminuir seu apelo como destino de turismo, novos negócios e atividade econômica".
Entre os signatários, presidentes de empresas como Mark Zuckerberg (Facebook), Marissa Mayer (Yahoo!), Brian Moynihan (Bank of America) e Oscar Munoz, da American Airlines, que tem seu segundo maior centro de operações no aeroporto de Charlotte.
A empresa de pagamentos online PayPal desistiu de um plano anunciado poucos dias antes de levar para Charlotte seu centro de operações globais - e com ele, 400 empregos e US$ 3,6 milhões em investimento até o final de 2017.
Outras empresas fizeram anúncios semelhantes, Bruce Springsteen cancelou um show, a liga de basquete colocou em cheque um jogo previsto para 2017 e outras cidades e estados americanos baniram viagens oficiais não essenciais para a Carolina do Norte.
Ontem, foi a vez do Deutsche Bank anunciar o congelamento de uma expansão que abriria 250 empregos em um centro de desenvolvimento de aplicativos em Cary.
O centro de convenções de Raleigh disse que 5 eventos já haviam sido cancelados e 16 estavam sob risco ontem o governador Pat McCrory começou a sinalizar que pode aceitar mudanças na lei.
Isso revela o abismo no estado entre um interior fortemente religioso e republicano, de um lado, e grandes cidades que votam nos democratas e apoiam a diversidade, de outro.
A maior parte das grandes empresas internacionais já entendeu que apoiar os direitos LGBT é uma boa estratégia diante de uma opinião pública que tolera cada vez menos práticas e declarações discriminatórias (vide o caso Barilla).
Setores como o financeiro, de entretenimento, esporte e tecnologia não estão na linha de frente por acaso. Eles são cobiçados pelos estados por seus empregos bem pagos e qualificados e ao mesmo tempo, precisam atrais jovens (inclusive gays) que levam a diversidade muito a sério.
Outros estados
Nos Estados Unidos, as chamadas "leis de liberdade religiosa" são uma forma dos governos locais satisfazerem o ranço anti-LGBT de eleitores conservadores.
Esse movimento ficou ao mesmo tempo mais forte e mais complicado diante do avanço da proteção LGBT em nível federal, marcada pela aprovação do direito ao casamento pela Suprema Corte em junho do ano passado.
No Mississippi, uma "lei de liberdade religiosa" nos moldes da Carolina do Norte foi aprovada semana passada. Escritores locais como John Grisham protestaram em uma carta e alguns dos maiores empregadores do estado, como a Nissan, também condenaram a lei.
No caso do estado da Georgia, uma lei parecida passou no Legislativo mas foi vetada pelo governador Nathan Deal. A maior pressão veio de pesos pesados de Hollywood, como a Disney, que filmam com frequência no estado atraídas pelas leis locais de incentivo.
A organização de turismo Visit Indy estimou que o estado de Indiana perdeu US$ 60 milhões em receita com a passagem de uma lei em março de 2015 que permitia negar serviços a cidadãos LGBT (o texto foi posteriormente "corrigido" para excluir essa possibilidade).
O custo da discriminação
No final de 2014, o Banco Mundial fez um evento para apresentar estudos que tentam calcular o impacto econômico da exclusão da população LGBT.
Isso começa com o assédio na escola, que diminui o potencial da educação. Depois vem o preconceito no ambiente de trabalho, que leva a menores salários, produtividade e participação na força de trabalho.
O preconceito também prejudica o diagnóstico e tratamento do HIV e aumenta as taxas de depressão e suicídio entre as minorias sexuais (isso sem falar na ameaça de violência física).
No caso da Índia, o prejuízo fica entre 0,1% e 1,7% do PIB - ou algo entre US$ 1,25 e US$ 7,7 bilhões. A Suprema Corte do país aceitou recentemente rever uma posição de 2013 que criminalizou o sexo gay.
A aceitação, por outro lado, traz ganhos. Um estudo do Williams Institute, da Escola de Direito da Universidade da Califórnia em Los Angeles, estimou o impacto do casamento gay nos Estados Unidos.
São US$ 2,6 bilhões em gastos, US$ 185 milhões em receita para cidades e estados e 13 mil empregos criados.
“Excluir minorias sexuais não é só uma tragédia humana, mas também um custo econômico que as sociedades impõem para si mesmas”, diz Jim Yong Kim, presidente do Banco Mundial.

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