Uma relação sexual sem consentimento é estupro mesmo entre pessoas que mantêm relacionamento estável
por Portal BrasilPublicado
: 25/11/2016
“Não significa sim, sim significa talvez e talvez significa não.” Essa frase circula pela internet em diversos “manuais” de como entender as mulheres. A realidade é mais clara do que os “guias” supõem: não significa não, em todas as situações.
Uma relação sexual sem consentimento é estupro, independentemente de a mulher ter aceitado começar e resolvido interromper a relação no meio ou de acontecer entre pessoas que mantêm um relacionamento estável. Quando a mulher está vulnerável, alcoolizada, por exemplo, o crime ainda é classificado como estupro.
Em festas, não são raras as notícias de homens que partem para a agressão ao ouvirem a recusa de uma mulher -- nem são poucas as estratégias das mulheres para se livrar dos assédios, afirmando que estão acompanhadas ou têm namorado e colocando um outro homem na situação para terem a palavra respeitada.
A psicóloga Alba Lúcia Dezan, professora de Psicologia do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb), explica que o costume de afirmar que uma mulher deseja o contrário do que disse vem das relações de poder.
“Existe essa cultura de que o homem tem o poder sobre a mulher, de que a mulher se sujeita ao homem. Quando a mulher diz ‘não’ é como se ela estivesse tirando esse poder de decisão sobre a vida dela, que era do homem. Por não querer abrir mão desse poder, o homem acaba negando essa voz”, afirmou a especialista.
Mas a violência de gênero não acontece somente nesses casos. Desmoralizar uma mulher e diminuir suas opiniões, tirando seu direito de se expressar, também é assédio.
“Nessa negação, ele usa várias falas, ‘ela não quer fazer isso’, ‘ela está dizendo o contrário’, desde que o contrário corresponda àquilo que ele deseja. É uma desqualificação que vem dessa perda do lugar de controle sobre a vida do outro”, complementa.
A professora lembra ainda que tal situação pode acontecer não apenas em um contexto de relacionamento afetivo, mas também em ambientes de trabalho. “Quando vai para a violência, vemos saltando na nossa frente, mas essa relação de impossibilidade de lidar com a alteridade acontece em várias relações.”
Combate ao machismo
Entre 25 de novembro e 10 de dezembro deste ano, o Brasil participa da campanha mundial “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher”.
Com o tema “Machismo. Já passou da hora”, a campanha faz um alerta sobre pequenas atitudes do cotidiano que levam ao desrespeito à mulher. Palestras, debates e eventos são realizados em todo o País em busca de alertar a população para o problema.
Fonte: Portal Brasil
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