Por Pedro Henrique Nascimento e Carolina Gouveia, de Marrakesh, especial para Envolverde e para o Projeto Cásper Líbero na COP22 – 18/11/2016
Ativista sueca da WECF (Women in Europe for a Common Future), Hanna Gunnarsson está presente na COP22 que acontece em Marrakech, para apresentar projetos sociais relacionados às mudanças climáticas no stand da WGC (Women and Gender Constituency) instituição que existe desde 2009, formada por 16 líderes femininas que representam diferentes instituições que desenvolvem projetos e trabalham pelos direitos da mulher, da qual a WECF é parceira.
Em entrevista ao Jornal da Comunicação Corporativa, Hanna Gunnarsson comenta sobre suas percepções acerca da relação entre as mulheres e as mudanças climáticas.
Jornal da Comunicação Corporativa: Por que as mulheres são mais afetadas pelas mudanças climáticas e pelos desastres naturais?
Hanna Gunnarsson: Ao invés de dizer mais que elas são mais afetadas, eu diria que nós somos afetadas de maneiras diferentes. Existem estruturas sociais pré-determinadas que fazem com que nem todos estejam no mesmo patamar. Portanto, se nós temos desigualdade na nossa sociedade e os desastres naturais acontecem, as pessoas serão afetadas de maneiras diferentes. Por exemplo, as pessoas mais pobres são afetadas de maneira mais intensa, pelo fato de não possuírem recursos e não conseguirem sair da área prejudicada. E a maioria das pessoas que estão na pobreza são mulheres.
Jornal da Comunicação Corporativa: Quais as estratégias relacionadas com justiça climática que o mundo todo está usando para “empoderar” as mulheres?
Hanna: A temática das discussões de hoje (15/11) na COP22 é a igualdade de gênero.O foco está sendo as apresentações, por exemplo, de projetos que abrangem a questão do gênero para conseguir financiamento, mas não somente isso. Para que a igualdade seja plenamente alcançada, não adianta construir uma grande obra, como uma represa, e empregar uma significativa parcela de mulheres como construtoras. Os efeitos da construção vão atingir negativamente alguns grupos, por isso, é necessário refletir sobre todos os impactos envolvidos no processo e como eles podem modificar estruturas e organizações de poder. Para que a justiça climática seja de fato respeitada, é necessário incentivar as mulheres a saírem de casa e realizarem atividades econômicas, ao invés de reforçar que elas precisam realizar as tarefas domésticas.
Jornal da Comunicação Corporativa: Você acredita que a COP é um lugar que dá voz para as mulheres?
Hanna: Apesar de termos a WCG (Women Gender Constituency), não sei as estatísticas de quantas mulheres e quantos homens estão na COP22. É uma questão difícil, pois, como observadora, estou muito limitada para influenciar as negociações. Acredito que temos que educar as delegações e constantemente acompanhar essas discussões, para nos certificarmos de que as questões relacionadas ao gênero estão inseridas nos debates. Porém, no final, são os ministros que decidem. Ou seja, de uma certa forma, é muito limitado, mas estamos progredindo. (#Envolverde)
Apoio: Royal Air Maroc e JHL Viagens
* Publicada originalmente no Jornal da Comunicação Corporativa.
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