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terça-feira, 15 de novembro de 2016

O transe retirante de Héloa Sales Costa Rocha

por Tárik de Souza — publicado 14/11/2016

"Eu", CD manifesto de afirmação estética, é entretecido por composições próprias e alheias
Antropóloga, estudante de canto lírico e colocação de voz, graduada em artes visuais, sergipana de Aracaju, Héloa Sales Costa Rocha estreou no EP Solta, em 2013, onde circulava com desembaraço por carimbó, samba-canção, rock e música eletrônica.
Participou ainda da trilha do longa-metragemA Pelada, do diretor belga Damian Chamin. No segundo semestre do ano passado, Héloa mudou-se para São Paulo, onde desembocou no seu Eu, CD de capa luxuriante, manifesto de afirmação estética, entretecido por composições próprias e alheias.
O estranhamento da megalópole recém-incorporada poreja, untuoso, na balada A Avenida, parceria dela com o guitarrista da faixa, Eduardo Escariz: A avenida e esses carros que transitam entre sinais/ a minha vida é um coração em busca de um cais.
O transe retirante também se infiltra no clássico da dupla pernambucana Alceu Valença e Geraldo Azevedo, Caravana, de 1975, entoado sob guitarras bruxuleantes do coprodutor, João Vasconcellos: Corra, não pare, não pense demais, repare essas velas no cais/ que a vida é cigana
Daniel Groove, o outro produtor do disco, fornece Se você disser que vem (enquanto você se renova, meu bem/ essa droga de céu e de mar/ partem meu coração), brega romântico, terçado em dupla com a cantora paraense Luê, sob névoas de teclados.
No sortido roteiro, palmilhado pela emissão etérea da solista, quase sempre escoltada pelos próprios backing vocals, também há volteios de afoxé (A Paz Que Desejei) e a escancarada bossa Crua (Há sempre um lado que pesa e um outro lado que flutua), do pernambucano Otto.
O arremate final ressoa no embalo do blue grass Meus Amigos (Daniel Groove/ Saulo Duarte): Leve fé na artilharia do sol que vai nascer/ das coisas que virão.



Carta Capital

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