Documento apresenta critérios práticos para a detecção da diabetes gestacional. Mulheres que desenvolvem o distúrbio metabólico durante a gravidez têm risco 40% maior de ter o tipo 2 da doença ao longo da vida.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) lançou nesta semana (16) a publicação “Rastreamento e Diagnóstico do Diabetes Mellitus Gestacional no Brasil”.
O documento apresenta critérios práticos para a detecção da doença em mulheres grávidas, considerando as diferenças de acesso aos serviços de saúde existentes no país.
Quem desenvolve o distúrbio metabólico durante a gestação tem risco 40% maior de ter diabetes tipo 2 ao longo da vida.
Fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), a Sociedade Brasileira de Diabetes e a agência regional das Nações Unidas, o guia foi lançado em Brasília durante cerimônia com representantes de diferentes organismos da área da saúde.
Dados da Federação Internacional de Diabetes indicam que atualmente cerca de 415 milhões de adultos vivem com Diabetes Mellitus, e outros 318 milhões têm intolerância à glicose, com risco elevado de desenvolver a doença mais tarde. O distúrbio metabólico e suas complicações estão entre as principais causas de morte na maioria dos países.
Rossana Pulcineli Vieira Francisco, da FEBRASGO, ressaltou que uma criança gerada por uma mãe com diabetes não controlada terá chances maiores de ter a doença e também obesidade no futuro.
“Há mais de dez anos, estamos discutindo o tema da diabetes na gestação. Mas, se não fosse o poder catalisador da OPAS/OMS e a abertura do Ministério da Saúde, não conseguiríamos finalizar esse documento e propor um diagnóstico factível para o Brasil”, afirmou.
Para o coordenador de Doenças Crônicas da Secretaria de Atenção à Saúde, Sandro Martins, a publicação vai melhorar o atendimento aos que vivem com a doença. “Com esse documento, temos a possibilidade de trazer um marco normativo para orientar as equipes de saúde no sentido de identificar mais precocemente a diabetes na gestante”, disse.
Também presente, o coordenador de programas da Fundação Mundial da Diabetes , Bent Lautrup-Nielsen, lembrou que de 2002 a 2015 “foram financiados investimentos de 130 milhões de dólares para mais de 400 projetos em mais de 100 países”. A maior parte das iniciativas do organismo internacional está localizada em nações de média e baixa renda, incluindo o Brasil.
A OPAS, em parceria com a Fundação e a Secretaria de Saúde da Bahia, tem desenvolvido desde 2013 o Projeto de Capacitação e Educação em Diabetes. Como resultados, o número de diagnósticos da doença aumentou 5,7 vezes e a obtenção de hemoglobinas glicadas — exame para avaliar comportamento da glicemia — cresceu 6,6 vezes entre do início do programa até 2015.
A pasta estadual e a agência da ONU também adotaram medidas para fortalecer a prevenção de complicações decorrentes da diabetes, como amputações, principalmente em regiões mais pobres, onde o trabalho agrícola é um dos principais meios de subsistência e o acesso aos serviços de saúde ainda é restrito.
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