Colômbia expõe causas da violência contra as mulheres, em encontro promovido pelo governo federal e pela ONU
Encontro reuniu representantes da SPM, Seppir, agências da ONU e sociedade civil Foto: Elza Milhomem/SPM
Pesquisas e ações publicitárias na Colômbia inspiram programa brasileiro a transversalizar ações em gênero, raça e etnia
O trabalho do Programa Integral contra Violências de Gênero da ONU na Colômbia teve destaque na tarde de sexta-feira (17/08), último dia do seminário “Interseccionalidade de Gênero, Raça e Etnia”, promovido pelo governo federal, por meio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), e pelas Nações Unidas. O encontro aconteceu, na sede da SPM, em Brasília.
Com base em pesquisa realizada pela ONU Mulheres, na Colômbia, o estudo ajudou a detectar e desconstruir os níveis de tolerância social e institucional à violência contra as mulheres. Inicialmente, foi aplicado um questionário em dez cidades das cinco regiões do país, com recorte étnico, para estabelecer os níveis de tolerância social à violência contra as mulheres. A pesquisa também foi aplicada em 300 instituições prestadoras de serviços de saúde, justiça e educação.
De acordo com Silvia Arias, especialista da ONU Mulheres Colômbia, os resultados foram preocupantes. “Há uma hipermasculinização da cultura validada pela sociedade”, pontuou. O estudo também revelou: valorização do amor romântico (desigualdade de homens e mulheres “em nome do amor”); atribuição da responsabilidade da violência às vítimas e não aos agressores; violência considerada como uma prática ruim da sociedade, mas não considerada como crime; Estado pode escolher atuar ou não (dependendo de impressões pessoais de funcionários).
Para tentar desconstruir esses imaginários sociais enraizados, foi lançada uma campanha publicitária com frases do uso popular, a fim de descrever situações de violência contra a mulher. Homens famosos no país também participaram das peças publicitárias. Veja algumas aqui.
Segundo Lúcio Severo, especialista em gestão do conhecimento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), “o Brasil é único ao fazer a abordagem interseccional”. Isso porque o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia brasileiro vai aplicar o questionário usado na Colômbia mas, além da questão de gênero, vai incluir as abordagens de raça e etnia.
Para Helena Oliveira, especialista de Programas de Proteção à Infância do Fundo das Nações Unidas para as Crianças (Unicef), há muito o que ser feito no campo da desconstrução do imaginário social.
“A SPM já tem muitos desdobramentos transversais”, lembrou Cristina Queiroz, técnica de Complexidade Intelectual da SPM, lembrando das atuações em conjunto com outros órgãos e entidade que a SPM faz. Ela declarou que o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia “lança uma semente de mudança de paradigmas”, cujo resultado será colhido daqui a alguns anos. “Esse programa dá legitimidade às nossas ações”, finalizou.
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