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quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Quando minha mulher virou um monstro




Minha filha mais velha chegou outro dia da escola com o livro “Quando mamãe virou um monstro”, de Joanna Harrison. O livro é ótimo. Quem não quiser ter a surpresa estragada pare de ler agora este texto porque vou contar do que se trata.
O livro narra a história de uma mãe que, sozinha para fazer tudo e confrontada com um casal de filhos desobedientes-da-pá-virada, surta. Distribui broncas, reclama e, à medida que sua irritação vai tomando conta, os cabelos vão se transformando em cobras, um rabo verde enorme nasce e as mãos viram garras.
A metamorfose – que pode acontecer nas melhores famílias – só estanca quando mamãe cai em si, senta arrasada e chora. “Eu virei um monstro…”. Penalizados, os filhos entram nos eixos. Arrumam a casa toda e mamãe fica feliz.
Até que chegam as visitas para o lanche, os primos dão de fazer besteira à mesa, a mãe deles começa a chamar a atenção das crianças e lá está o rabo verde crescendo na tia também.
Li a história para minhas duas filhas. “Viu o que acontece com as mães quando os filhos desobedecem demais?”. A mais velha, de 6 anos, riu, e a pequena, de 3, chorou. “Eu num quelo que você vile um monstro…’. E chorou, aos berros, muito sentida. Eu, como a Rosa, fiquei despedaçada. “Filhinha, isso é uma brincadeira. Mamãe nunca vai virar um monstro de verdade…” O livro deveria ter vindo com um recomendação, tipo idade mínima, 4 anos, sei lá.
Apesar do choro, volta e meia ela, a mais nova, pede para eu contar a história do dia em que mamãe virou um monstro, mas sem fingir que sou o monstro. Ou seja, estou proibida de interpretar. Ela quer uma história o mais jornalística possível. Mera narração dos fatos. O livro é genial porque é bem didático, sobretudo por causa das ilustrações, como um bom livro infantil. Criou uma ótima metáfora para aquilo que todas sentimos no auge da irritação e deixa uma lição de moral subliminar mas explícita: paciência tem limite.
E quando as mulheres viram monstros, provocadas por maridos ausentes, imprestáveis ou desligados? Costumo dizer que basta um homem omisso para ajudar a criar uma mulher autoritária. Quantas mulheres estão por aí, neste momento, virando monstros porque os maridos…
- Fingem não ouvir quando os filhos pequenos chamam várias vezes de madrugada;
-  Sentam calmamente para assistir ao jogo enquanto mamãe-monstro corre para lá e para cá, sozinha, para arrumar os três filhos para a festinha que vai começar em 15 minutos;
- Perguntam pela enésima vez onde afinal está a roupa da criança, embora ela tenha separado uma muda de roupa em cima da cama enquanto tenta tomar um banho em paz;
- Nunca sabem preparar o lanche, o prato do jantar nem a temperatura da água da banheira;
- Nunca lembram de dar o remédio diário se ela não deixar bilhete por escrito;
- Ficam irritados porque ela demorou dez minutos a mais no salão;
- Porque nunca podem sair mais cedo do trabalho para ir à reunião na escola;
- Porque nunca podem entrar mais tarde no trabalho para levar o filho ao pediatra;
- Porque são sempre os bonzinhos da parada, nunca repreendem, nunca brigam e deixam o papel de cerceadora para a mãe;
- Porque, em vez de fazerem valer a autoridade paterna, preferem mandar recadinhos pela mãe;
- Porque na vez deles de ficarem com as crianças optam sempre pela opção mais fácil: levam para almoçar num fast food, deixam a televisão ligada direto e só lembram de dar banho porque mãe-monstro ligou irritada para saber se estava tudo bem;
Você lembra de mais alguma situação  que faz a mulher virar um monstro?

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