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terça-feira, 14 de agosto de 2012


Pedófilo teme sair do armário e pedir ajuda


AMANDA LOURENÇO


Dar o primeiro passo em busca de ajuda é o mais difícil para o pedófilo, já que ele sabe que seu transtorno é socialmente inaceitável e que qualquer confissão pode causar todo tipo de reação.
"O pedófilo deve ser convencido de que precisa falar com alguém preparado para lidar com o problema. Quanto mais cedo [procurar ajuda], mais eficazmente podemos ajudá-lo a amadurecer sexualmente", diz o psicanalista francês Jean-Michel Louka, que atende pedófilos.
Em São Paulo, o Cearas, no Instituto Oscar Freire, e o Pró-Sex, do Hospital das Clínicas, podem indicar profissionais capacitados.
Os portadores do transtorno têm perfis diversos. Alguns são pais de família respeitáveis, outros acumulam frustrações e sofrem de outros distúrbios psicológicos.
Como Charles*, frequentador do grupo francês L'Ange Bleu, voltado a pedófilos. Ele diz que interrompeu a terapia com antidepressivos, por causa do fígado, mas não está conseguindo viver sem remédios: "Entre a minha fobia social, a depressão e a pedofilia, que é a cereja do bolo, me pergunto todo dia como faço para não me suicidar".
Os participantes do grupo americano "Virtuous Pedophiles" afirmam que os pedófilos não podem controlar a atração por crianças, mas podem, e devem, controlar seus atos. Ethan*, um dos fundadores, explica que para ele não é sequer uma questão de escolha, já que seu desejo de não machucar crianças é tão sólido que agir nunca foi uma opção: "O que nos mantêm inofensivos é uma combinação de autocontrole, sensibilidade aos sentimentos dos outros e compaixão".
O francês Hugo* descobriu a L'Ange Bleu em sua segunda detenção por consumo de pornografia infantil na rede.
"Há diversas maneiras de não ser pego com pedofilia na internet, acho que meu descuido foi mais um pedido de socorro", conta.
Além das sessões semanais com o psicanalista, Hugo frequenta as reuniões que a L'Ange Bleu promove mensalmente, nas quais também tem contato com vítimas e seus familiares. Essa proximidade entre os dois grupos permite a cada lado compreender melhor o outro, segundo ele diz: as vítimas precisam de respostas para conseguir seguir em frente, e os pedófilos encaram de perto todo o sofrimento que um agressor pode causar a uma família.
"Eu jamais poderia ser o responsável por tamanha tristeza na vida de alguém. Por outro lado, esses grupos sabem fazer a diferença entre agressores e pedófilos como eu, que não passam ao ato. E, se eles conseguem, acho que a sociedade deveria conseguir também."

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