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segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Nova combinação de drogas reduz transmissão de HIV para bebês

REDAÇÃO ÉPOCA COM AGÊNCIA ESTADO

Estudo de cientistas americanos e brasileiros traz esperança aos bebês considerados de alto risco, cujas mães não receberam o coquetel antiaids durante a gravidez


Grávida (Foto: SXC)
Estudo de pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que uma nova combinação de drogas reduz o risco de uma mãe soropositiva transmitir o vírus para seu bebê. O resultado da pesquisa, publicada no periódico científico The New England Journal of Medicine, modifica o padrão mundial de tratamento para prevenção da transmissão vertical do HIV, segundo a Fiocruz.
A pesquisa foi realizada com 1.684 crianças tratadas em 17 hospitais da África do Sul, da Argentina, dos Estados Unidos e do Brasil. É aplicável apenas nos casos de bebês considerados de alto risco, quando as mães não receberam o coquetel antiaids durante a gravidez.
Com a primeira dose aplicada à criança em até 48 horas após o parto, o resultado é duas vezes mais eficaz que a terapia até então usual, com o antirretroviral AZT. Das crianças que participaram do estudo, 70% eram vinculadas a instituições brasileiras. A responsável pela coordenação no Brasil foi a infectologista e diretora do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), Valdilea Veloso.
O problema é quando se descobre que a mãe é portadora do vírus já perto do parto. Segundo Karin Nielsen-Saines, coordenadora-geral do estudo, crianças nascidas de mães que não receberam terapias antirretrovirais têm 25% de risco de serem infectadas durante a gravidez ou o parto. Essa possibilidade chega a 40% quando os bebês são amamentados.De acordo com a pesquisadora, o projeto, iniciado há dez anos, está em sua primeira fase e foi pensado para as necessidades da população brasileira.  Valdilea lembra que o risco de um bebê se infectar quando a mãe recebe corretamente o tratamento antirretroviral durante a gestação é mínima (menos de 1%). Nesses casos, portanto, não há necessidade de combinação de drogas. 
A orientação considerada mais eficaz de prevenção da transmissão para recém-nascidos até a conclusão do estudo era usar o antirretroviral zidovudina (AZT). Os resultados mostraram, no entanto, que combinações de dois ou três antirretrovirais (nevirapina, nelfinavir e lamivudina) são duas vezes mais eficazes para o corte da transmissão do HIV.
As crianças foram separadas em três grupos e receberam diferentes combinações de medicamentos: o primeiro, com 566 crianças, tomou AZT; o segundo, com 562, AZT e nevirapina; e o terceiro, com 556, AZT, nelfinavir e lamivudina. A primeira dose foi ministrada nas 48 horas iniciais de vida do bebê, com continuidade do tratamento por seis semanas.
Do total de crianças participantes, 140 foram infectadas antes da administração dos antirretrovirais: em 97, a transmissão ocorreu durante a gestação e, em 43, no parto. Após três meses de acompanhamento, a transmissão ocorreu em 4,8% dos bebês que receberam somente AZT, e apenas em 2,2% entre os que receberam AZT e nevirapina, e em 2,4% dos que tomaram AZT, nelfinavir e lamivudina.

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