Ter filhos ajuda na memória das mulheres
Pesquisa norte-americana mostrou que a capacidade de armazenar informações no cérebro aumenta após os filhos. Saiba mais
Por Marcela Bourroul
Assim que descobre a gravidez, seu corpo começa a se preparar para a chegada do bebê. É tanta coisa para fazer ao mesmo tempo... Arrumar o quarto, cuidar da saúde, da alimentação, dos exames, do enxoval. Até o sono fica mais leve para que você ouça os suspiros do recém-nascido depois.
E quando o bebê chega, todo esse treino é colocado em prática. Trocar a fralda, amamentar, dar banho e não desligar um minuto do seu filho. Para dar conta de tudo, o cérebro das mães se transforma por meio de mecanismos que ampliam os cinco sentidos. E um novo estudo reforçou que a maternidade é, sim, um incremento para a memória.
Para analisar essa hipótese, os cientistas da Universidade de Carlos Albizu, nos Estados Unidos, realizaram dois testes de memória com 35 mães e 35 mulheres sem filhos e compararam seus resultados. As mães tiveram um desempenho melhor em ambos.
No primeiro teste, elas tinham que observar um papel com seis imagens por 10 segundos e depois desenhar o que viram. A tarefa foi repetida algumas vezes. As mães tiveram um resultado melhor. Os pesquisadores acreditam que elas têm mais facilidade para fixar informações em relação às demais. No segundo teste, os pesquisadores mostraram algumas imagens e perguntaram às participantes quais tinham aparecido na primeira parte. As mães acertaram todas, enquanto as demais cometeram um ou dois erros.
Esse não é o primeiro estudo a fazer essa conexão. Craig Kinsley, neurocientista da Universidade de Richmond (EUA), foi um dos primeiros pesquisadores a relacionar a maternidade a ganhos cerebrais concretos. Em diversas pesquisas com ratos ele observou um aumento no tamanho dos neurônios na área do cérebro que regula o comportamento materno, e aumento na produção das espinhas dendríticas, parte dos neurônios responsáveis pelo aprendizado e memória.
Análises mostram que entre os motivos que levam a essas melhorias cognitivas estariam a ação dos hormônios envolvidos na gravidez e no parto, como o estrogênio, a ocitocina e o cortisol, sobre as principais estruturas neurais.
Segundo Ricardo Monezi, psicólogo e pesquisador do setor de medicina comportamental da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), esse ganho intelectual que começa na gestação dura para o resto da vida. “Conforme a criança cresce, você pode até perder um pouco das habilidades que adquiriu, mas é fato que a sua memória e sensibilidade nunca mais serão as mesmas depois do primeiro filho”, diz. Ou seja, quando ele já for adolescente e chegar da balada de madrugada você provavelmente vai perceber. Também pode ser por isso que sua mãe sabe exatamente como era a sua carinha quando bebê, não importa a sua idade...
Outro dado interessante é que essas mudanças podem surgir também nas mães adotivas. “Existem estudos que mostram alteração no comportamento de mães adotivas por meio da ocitocina. As pessoas pensam que só fatores biológicos alteram o organismo, mas nesse caso um fator social mexe com o psicológico da mulher que, por fim, acaba mexendo com aspectos biológicos”, conta Monezi. E você, concorda com isso?
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