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sábado, 18 de agosto de 2012


As Olimpíadas e um dos maiores desastres da história


Hoje, na seção Mulheres pelo Mundo, Renata Neder, assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil, fala sobre um assunto importante quando pensamos nas Olimpíadas do Rio.

Dois de dezembro de 1984 – mais de 40 toneladas de gás letal vazaram da fábrica de pesticida da Union Carbide em Bhopal, Índia.

Este foi um dos maiores desastres industriais da história, e ainda está vivo na memória de muita gente.

“A partir do dia em que o gás vazou, começaram os problemas. Eu comecei a perder minha visão. Os pulmões do meu marido foram gravemente afetados. A minha filha, que nasceu 16 anos depois da tragédia, nasceu com deficiências devido ao gás.”

Esse relato de uma moradora de Bhopal não é uma fala isolada, representa uma queixa coletiva que se arrasta por quase 30 anos. Entre 7 e 10 mil pessoas perderam suas vidas enquanto o gás se espalhava pelos arredores da fábrica. No total, 20 mil pessoas morreram como resultado do vazamento e outras 100 mil sofreram danos permanentes. A fábrica hoje está fechada, mas as instalações continuam poluindo e envenenando o solo, o ar e a água do entorno. Em frente ao local onde funcionava a fábrica, uma mulher conta.

“As crianças ainda vem brincar aqui. As pessoas em casa bebem a água deste solo. Crianças sofrem com deficiências, doenças de pele, e tem problemas de crescimento”.

Já se passaram 28 anos e os moradores de Bhopal ainda sofrem os impactos desse vazamento. São acometidos por diversas doenças e até hoje lutam pela limpeza da área e por uma indenização justa. E o que tudo isso, afinal, tem a ver com as Olimpíadas? Eu explico.

Em 2001, a empresa Dow Chemical comprou a Union Carbide. Em 2010, a Dow ganhou o status de “parceiro olímpico oficial”, status concedido pelo Comitê Olímpico Internacional. A população afetada pelo vazamento de gás em Bhopal vê neste apoio aos Jogos Olímpicos uma tentativa cínica da empresa de limpar sua imagem e se isentar de responsabilidade.

“A Dow está tentando limpar sua imagem apoiando as Olimpíadas, através do poder do dinheiro. Mas não quer se responsabilizar por Bhopal. A nossa mensagem é que antes a Dow deveria se responsabilizar por Bhopal, e só depois pensar em apoiar as Olimpíadas”, demanda uma moradora da região.

Até hoje, a Dow ainda não limpou a região de Bhopal nem compensou adequadamente seus moradores. A empresa nunca abordou os impactos da catástrofe para os direitos humanos e permanentemente nega a responsabilidade da Union Carbide sobre o ocorrido. Isso parece uma atitude responsável de uma empresa? Mostra algum respeito e compromisso com os direitos humanos? Não, né?

Em Londres, houve muitos protestos contra essa parceria. As manifestações acabaram levantando questões importantes sobre grandes empresas e violações de direitos humanos e os limites que devem existir na relação entre eventos esportivos e culturais e seus patrocinadores. Agora que o Rio de Janeiro se tornou oficialmente a cidade olímpica, a bola está com a gente. O que queremos para o Rio 2016? Eu acho que as Olimpíadas não podem ser usadas para limpar a imagem de quem viola direitos humanos, legitimando tais violações e a falta de responsabilidade das empresas.

E vocês, o que acham? Será que não é hora de começar um amplo debate com os patrocinadores e parceiros das Olimpíadas no Rio?

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