Exploração sexual de crianças marca o mercado da bola no país
Campo de futebol na cidade de Caratinga, em Minas Gerais. Treinador comandava rede de exploração sexual |
Caratinga — “É só fechar o olho, é fácil”, disse Maguila a Paulo, em uma tarde como outra qualquer. Maguila era treinador de futebol, funcionário da prefeitura de Caratinga (MG) e coordenava uma escolinha em um campo simples. Paulo, na época com 14 anos, era um dos melhores atletas do grupo e, até por isso, a proximidade entre o professor e o pupilo não causava estranheza. Maguila era respeitado na cidade, levava com frequência os garotos para testes em clubes de expressão nacional, como o Atlético Mineiro e o Cruzeiro, e nele eram depositadas as esperanças de muitos pais em verem seus filhos como grandes ídolos. A frase inicial poderia se referir a uma instrução do professor ou uma orientação sobre um fundamento de futebol, mas, na verdade, foi a tentativa de Maguila para convencer Paulo a, mais uma vez, realizar programa com um dos clientes que tinha na região.
Jovens aspirantes a jogadores não estão sujeitos somente ao abuso de pedófilos, mas também a redes que geram lucro para os envolvidos. A exploração sexual se difere do abuso por haver uma organização, que envolve aliciadores e clientes. A semelhança entre as duas situações está na forma de atrair meninos e de conseguir o silêncio: a promessa de uma carreira brilhante e lucrativa no esporte e, depois, a ameaça de tirá-lo do time, caso o garoto denuncie o crime.
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