Ouvidoria da Mulher, da SPM, recebe denúncia de agressão física contra a mulher ocorrida durante ritual religioso
SPM vai encaminhar caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios; estudante foi encaminhada a atendimentos jurídico e psicológico
A Ouvidoria da Mulher, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), recebeu nesta segunda-feira (20/08), em Brasília, uma denúncia de agressão contra a mulher ocorrida no Paranoá, cidade satélite do Distrito Federal. Uma estudante de 19 anos foi agredida num ritual de “exorcismo” por três homens que se identificaram como pastores.
Representantes do Fórum da Mulher do Distrito Federal e da Associação das Mulheres do Brasil (AMB) entregaram um manifesto à ouvidora da SPM, Ana Paula Schwelm Gonçalves. O registro da denúncia também foi acompanhado pela diretora de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Karina Morelli. a técnica de complexidade intelectual Luciana Santos e a assessora técnica da Ouvidoria, Renata Sakai. A secretária de Articulação Institucional e Ações Temáticas, Vera Soares, e a coordenadora geral de Fortalecimento da Rede de Atendimento, Gláucia Souza, também presenciaram os relatos da agredida e das integrantes das organizações.
“Não somos contra religiões, mas sabemos que muitas mulheres não denunciam as agressões sofridas por fatores religiosos”, declarou Leila Rebouças, coordenadora do Fórum da Mulher do Distrito Federal. Leila relatou que o então namorado da vítima, que chamou as pessoas para fazerem o exorcismo e assistiu a tudo, foi colocado como testemunha, e não como agressor. “Ela está sem assistência jurídica, já que a Defensoria Pública só pode ajudar o agressor, e não a vítima”, disse Leila.
Para Jolúzia Batista, ativista da AMB, é preciso acompanhar de perto do crescimento do fundamentalismo religioso. “Parece que podemos fazer valer a crença religiosa a qualquer custo, mas o Estado é laico”, salientou.
A Ouvidoria da Mulher colheu o depoimento da estudante, repassou informações sobre onde ela pode buscar ajuda no Distrito Federal, incluindo assistência jurídica e psicológica. “Vamos encaminhar o caso ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, para que eles possam dar andamento à investigação do fato”, explicou a ouvidora Ana Paula Schwelm Gonçalves.
Entenda o caso - A agressão ocorreu no início deste mês, em 5 de agosto. Após passar o dia numa confraternização em família, a estudante e seu então namorado voltaram para casa. O ex-parceiro achou estranho o comportamento da jovem, que estava embriagada. Ele saiu para procurar “ajuda” e trouxe para casa quatro homens – sendo três homens identificados como pastores – e uma mulher, que supostamente iriam realizar um ritual de exorcismo.
Os pastores teriam arrancado piercings do rosto da jovem, além de baterem nos locais de suas tatuagens. Seus gatos também sofreram ataques, sendo jogados pela janela. Segundo a estudante, seu ex-namorado se recusa a dizer os nomes dos agressores, dificultando a identificação dos mesmos.
O boletim de ocorrência foi realizado na 6ª Delegacia de Polícia do Paranoá. A estudante passou por exames de corpo de delito e aguarda os resultados das investigações.
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