AUMENTO DA ESCOLARIDADE PODE EQUIPARAR SALÁRIO DE MULHERES E HOMENS
PARA ESPECIALISTAS, AS EMPRESAS FOCAM CADA VEZ MAIS NAS COMPETÊNCIAS DOS PROFISSIONAIS, MAS AINDA CONFUNDEM DISPONIBILIDADE COM EFICIÊNCIA
ELAS ENTRARAM DEPOIS NO MERCADO, MAS JÁ COMEÇAM A SE POSICIONAR MELHOR (FOTO: SHUTTERSTOCK) |
Duas fortes tendências no mercado de trabalho podem equiparar os salários entre homens e mulheres, segundo especialistas entrevistados por NEGÓCIOS: o aumento da escolaridade na ala feminina e a migração para cargos tipicamente masculinos.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal das mulheres, que era de R$ 882 em 2009, passou para R$ 997 no ano passado, uma alta de 13%. Já o rendimento médio entre os homens cresceu menos, de R$ 1.314 para R$ 1.417 no mesmo período, equivalente a 7,8%.
Os dados são Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta sexta-feira (21/09). Segundo o mesmo levantamento, no entanto, em 2009, o ganho médio entre as mulheres correspondia a 67,1% do rendimento dos homens. Em 2011, essa proporção subiu para 70,4%.
A professora chama atenção para o fato de que a média de escolaridade das mulheres com 20 a 24 anos é de 10,2 anos, segundo o IBGE. Na mesma faixa etária, entre os homens, a média é de 9,3 anos. “Ou seja, elas estão entrando no mercado de trabalho com um ano a mais de formação.”“A média da educação das mulheres está subindo mais que a dos homens. Ao longo do tempo, o trabalho delas também tem sido mais bem aceito, está sofrendo menos discriminação e recebendo uma melhor remuneração”, diz Regina Madalozzo, especialista em economia de gênero do Insper.
Denys Monteiro, managing partner da unidade de negócios da Fesa, confirma a tendência na contratação pelas empresas. “Elas estão surgindo. Historicamente, elas representavam 20% nas posições de alto escalão. Nos últimos dez anos, elas já passaram a ocupar 35% das vagas em níveis mais altos.” Para o executivo, esse equilíbrio entre homens e mulheres nos altos postos de trabalho é que deve equiparar os salários.
Irene Azevedo, diretora de negócios da LHH|DBM, lembra que a mulher entrou no mercado de trabalho muito depois dos homens, o que faz com que ela tenha menos experiência na hora de negociar salário. “Essa diferença está diminuindo cada vez mais. Agora ela está aprendendo a se posicionar.”
Segundo Irene, as empresas estão de olho nas competências dos profissionais, não importa o gênero deles. Como exemplo, ela cita o caso da CEO do Yahoo, Marissa Mayer, contratada grávida. Em mercados como o de tecnologia, a resistência é menor. Mas em setores como o de infraestrutura, nos quais a mulher tem menos acesso pela própria tradição do negócio, que sempre teve maioria masculina, ainda há uma resistência.
Regina, do Insper, ressalta outro ponto: elas ainda escolhem atividades que pagam menos que aquelas ocupadas pelos homens. “Há uma migração lenta para ocupações tidas como masculinas. E, talvez, nunca haja um equilíbrio completo nesse quesito”, afirma a professora. Na opinião da especialista, ainda há um certo preconceito das empresas e da sociedade em relação a elas. “As companhias entendem que a mulher é a pessoa que pode se afastar, e a sociedade ainda cobra dela mais responsabilidade da família.”
A solução? Uma mudança de visão do lado das empresas. Há uma nova geração de homens e mulheres entrando no mercado de trabalho, marcada por uma forte preocupação com qualidade de vida. “Uma pessoa pode não estar disponível 24 horas, mas mesmo assim ser muito eficiente. Ainda há uma confusão nesses conceitos.”
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