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sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Vítimas de agressão buscam abrigo para recomeçar a vida


Cristina (nome fictício, para não identificar a mulher) tem 36 anos e já passou duas vezes por situações de violência doméstica. Uma delas ocorreu por parte do pai de seus dois filhos, um jovem de 18 anos e uma adolescente de 17. As ofensas, agressões e ameaças de morte duraram por dois anos, até que ela decidiu procurar ajuda, por não aguentar mais ser humilhada pela pessoa que ela amava e havia escolhido para ser seu companheiro. Com a denúncia formalizada, Cristina foi acolhida na Casa Abrigo do CIM Mulher, onde recebeu todo o atendimento necessário, para que pudesse retomar sua vida. 

Ela achava que estava livre daquelas humilhações, porém acabou se encontrando na mesma situação recentemente, quando foi agredida por outro homem, com quem tem uma filha de quatro anos. Dessa vez, as agressões duraram um tempo menor, três meses, até que Cristina decidiu que precisava de auxílio mais uma vez. "Ele era muito agressivo dentro de casa, pois era usuário de drogas e álcool. Mas cheguei a um ponto que não aguentava mais", diz. 

Há 8 dias ela foi abrigada, novamente, pelo CIM Mulher, e sente que, mais uma vez, está tendo a chance de rever seus conceitos e tentar ficar longe de ser vitimizada por violência. "Fiquei sabendo pela minha mãe que ele está querendo me matar. No começo fiquei com medo, acuada, mas eu sei que aqui eu tenho segurança e até esqueço dos problemas, por causa das atividades que participo e do atendimento com a psicóloga", ressalta. 

O principal pensamento de Cristina, atualmente, é promover uma mudança em sua vida. "Saindo daqui, vou morar com meus familiares e continuar minha vida. Quero passar um pano por cima de tudo isso. Aqui eu percebi que estava com a vista tapada, por medo dele. Mas depois que fiz a denúncia, percebi que tenho ajuda", afirma Cristina. 

CIM Mulher 

Cristina é uma das cerca de 34 pessoas que passam, mensalmente, pela Casa Abrigo do CIM Mulher. Existente desde 1997, o local serve para abrigar mulheres e crianças que foram vítimas de violência doméstica, de todos os tipos. "Trabalhamos em regime de plantão, numa complexidade muito grande. Nosso serviço é considerado, na assistência social, como de altíssima complexidade, porque ele trata integralmente a família. A vítima vem para cá, agora encaminhada pelo juiz da Vara da Violência Doméstica, e é recebida pelo serviço social, que escuta o histórico dela, comunica a família que ela está em local seguro, mas sigiloso, e que ela está sendo bem tratada", informa a diretora executiva do CIM Mulher, Cíntia de Almeida. 

Cíntia relata que as mulheres chegam muito abaladas à Casa Abrigo, por isso necessitam que todo o atendimento prestado seja feito de forma bastante sensível. "Quando chega aqui, ela está com sonhos destruídos, sem ânimo para olhar para as pessoas e conversar, sem ânimo, também, para olhar para os próprios filhos. Ela está destruída, psicologicamente falando. Então ela tem dois ou três dias para comer e chorar, a gente respeita isso. Depois ela usa esse espaço para refletir e mudar os parâmetros de sua vida, para se fortalecer, porque a violência anula a pessoa e nós não podemos concordar com isso", revela. 

Sobre a criação da Vara da Violência Doméstica, a diretora executiva do CIM Mulher acredita ser um grande avanço para a cidade, mesmo que ela cite Sorocaba como "pioneira" nas causas de defesa da mulher, já que foi uma das primeiras cidades do Estado a contar com uma delegacia especializada e com uma Casa Abrigo. "Agora esperamos que a Justiça haja com a celeridade necessária, porque a mulher deve ter o mandado do juiz em mãos para que o agressor se mantenha afastado. Espero também que, com isso, as denúncias aumentem, porque só a denúncia contém a violência doméstica." 
 
 Desde criação, Jecrim recebeu 670 processos
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Junto à criação da Vara da Violência Doméstica, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) também oficializou a reunião de todas as quatro unidades do Juizado Especial Criminal (Jecrim) nas mãos de um só juiz. Com isso, o magistrado Hugo Leandro Maranzano se tornou responsável pelos dois setores, no dia 19 de setembro deste ano. Nesses cerca de três meses de funcionamento, o Jecrim já acumula 670 processos. "Quando a Vara foi instalada, o objetivo principal dessa unidade judicial era justamente a especialização da matéria, porque ela já era cuidada pelas quatro Varas Criminais de Sorocaba. Fui juiz da 3ª Vara Criminal, por isso nós juízes entendíamos que precisávamos de uma Vara especializada para cuidar desses dois assuntos", destaca Maranzano.

O Jecrim reúne processos de casos que são considerados como de menor potencial ofensivo, ou seja, aqueles crimes que possuem pena máxima de até dois anos de reclusão. Esses juizados foram criados pelo Judiciário para desafogar as Varas Criminais, que ficariam apenas voltadas para processos mais complexos. Atualmente, dentre os 670 processos que correm no Jecrim de Sorocaba, os mais recorrentes são referentes a caça-níqueis, jogo do bicho, vias de fato, lesão corporal dolosa ou culposa, acidentes de trânsito e ameaças em geral, segundo o juiz responsável. (André Moraes)

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