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sábado, 17 de outubro de 2015

Africana conta como o achatamento dos seios prejudica milhões de mulheres ainda hoje

Leyla Hussein nasceu na Somália e hoje mora na Inglaterra, onde é colunista da Cosmopolitan Reino Unido. A psicoterapeuta passou pela mutilação genital como forma de “segurança” e fala sobre o achatamento dos seios — prática que atinge milhões de mulheres na África.

Escrito por  Redação Cosmopolitan  
Atualizado em 15/10/2015 em  Cosmopolitan Brasil

seios negra
Stock / Thingstock / Getty Images 
"Como psicoterapeuta e ativista contra a mutilação genital feminina, sempre me deparo com vários tipos de abuso que meninas e mulheres sofrem. E, dizem, se você ouve tantas coisas horrorosas no seu dia a dia, acaba se acostumando. Entretanto, em alguns momentos, até mesmo eu sinto que não estou preparada para tudo isso.

Alguns anos atrás, conheci uma mulher que não tinha sofrido mutilação genital, mas tinha sido submetida ao achatamento dos seios.  Isso foi no Reino Unido, no século 21 -- porque, é claro, abuso não conhece tempo ou lugar. Achatamento dos seios é quando um ferro ou uma pedra quente é usado para queimar ou comprimir o tecido mamário. Acabar com as mamas dessa maneira pode levar alguns dias -- ou até mesmo semanas.

As palavras "cultura", "tradição" ou "religião" podem aparecer para tentar explicar esta prática absurdamente prejudicial, mas, como no caso da mutilação genital, tratam-se apenas de desculpas veladas. Na verdade, ela é apenas outro modo de controlar a sexualidade  e a sensualidade de uma mulher.  Peitos são a parte perigosa do nosso corpo que precisa ser removida diante da possibilidade de atrair a atenção masculina -- como se remover todos os graus de feminilidade do corpo de uma garota pudesse protegê-la de um estupro.

Reprodução / Cosmopolitan

Eu fui submetida à mutilação genital para a minha "segurança" .  É completamente absurdo viver em um mundo onde os corpos das mulheres não são considerados seguros em seu estado natural e os homens não são responsáveis pelo controle dos próprios impulsos. Como mulheres, somos constantemente lembradas de que nossos direitos não importam desde que nossa "pureza" seja preservada, porque é nisso que a honra da nossa família e de toda a sociedade se baseia.  Mantendo em silêncio práticas como essas, nós estamos dizendo às garotas que elas não são prioridade. A prioridade é que a sexualidade delas seja controlada.

A ONU estima que o achatamento dos seios afeta 3,8 milhões de mulheres nas regiões central e oeste da África. No Reino Unido, milhares de garotas de Camarões, África do Sul, Nigéria, República da Guiné, Togo e Costa do Marfim estão sob o mesmo risco.

Apesar de eu não ser especialista em achatamento especificamente, sempre destaco a prática nas minhas palestras porque ela é um ato de mutilação que tem a mesma justificativa da genital - e está, da mesma forma, envolta de segredos.  O ato, na verdade, é uma forma de violência contra mulheres e garotas - além de ser um abuso sexual e, quase sempre, também infantil.

Infelizmente, muitos profissionais de primeira linha não estão cientes desse problema, e organizações como a Cawogido - que promove junto com os serviços sociais e áreas como saúde e educação de Londres a conscientização sobre a gravidade do achatamento - não estão recebendo o financiamento de que necessitam para realizar a prevenção adequada.

Minha esperança com esse texto é pelo menos inciar uma discussão - e servir como lembrete de que a marginalização desse grupo ou o constrangimento da sociedade não tira nossa responsabilidade de proteger os direitos de todas as mulheres e garotas."

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