Entrevista concedida pelo filósfo e escritor anglo-ganês Kwame Anthony Appiah, professor na Universidade Princeton, ao jornalista Silio Boccanera, para o programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30.
O filme Abril Despedaçado de Walter Salles mostra o efeito devastador de um código de honra no interior do Brasil. Duas famílias se confrontam durante gerações, os filhos se matam de lado a lado em obediência a uma tradição que nenhuma das partes ousa romper sob pena de humilhação e vergonha. Salles adaptou para o Brasil o livro de mesmo título do escritor Ismail Kadare, que ambientou sua história nas montanhas da Albania, onde ele nasceu. Lá, um código de honra parecido sobreviveu a meio século de tentativas do regime comunista de acabar com as vendetas familiares. Como as que ocorrem também na Itália rural, ou entre facções mafiosas. E continuam a prevalecer no interior de Paquistão, Afeganistão, Índia, onde a lei dos tribunais oficiais cede primazia aos códigos de honra locais. Códigos que autorizam famílias a entregar filhas de 10, 11 anos para se casar com velhos em troca de dívidas. E permite matar filhas ou irmãs rejeitam maridos impostos por acertos dos pais. Códigos que aceitam em suposta honra da família, abandonar ou matar moças que sofrem estupro. Código de honra é tema de estudo e título de um livro do filósofo Kwame Anthony Appiah. Hoje professor na Universidade de Princeton, no Estados Unidos, após ter se formado Cambridge, na Inglaterra, filho de mãe inglesa e pai de Gana, na África. Ele participou no Brasil das discussões e palestras promovidas pelo grupo Fronteiras do Pensamento.
Silio Boccanera — Tentando entender a sua noção de código de honra, vamos imaginar a situação de uma quadrilha numa cidade como São Paulo, Rio ou Porto Alegre. Dois integrantes discutem, um desafia o outro para uma luta. O segundo pode nem querer brigar, mas ele é obrigado sob pena de ser rejeitado pelo resto do grupo. Esta é uma situação para o código de honra?
Kwame Anthony Appiah — É um exemplo perfeito do que acontece quando há um código de honra em vigor. Você perde sua honra a não ser que obedeça às exigências do código. E perder a honra significa que você não pode mais viver no grupo. As pessoas vão te desprezar, isso se falarem com você. Ou seja, é uma forma muito forte de pressão social. E vemos nesse caso que você mencionou. Vemos nas quadrilhas, mas também entre banqueiros, que também têm seus próprios códigos.
Silio Boccanera — Num situação como esta há vários elementos envolvidos. Falamos aqui de vergonha, de desconforto, de humilhação.
Kwame Anthony Appiah — A maior punição pela quebra do código de honra é a vergonha. O que o código de honra faz, como dizem, é que se você fizer certas coisas, terá o direito de ser respeitado e se fizer outras coisas, você perde o direito ao respeito. E o que quer que se pense sobre o conteúdo particular de um código de honra específico, a ideia de que estamos presos a comportamentos que faz com que ganhemos ou percamos o respeito dos nossos pares é algo que todo mundo entende .
Silio Boccanera — Criminosos também têm essa medida, a medida da honra.
Kwame Anthony Appiah — Um dos provérbios ingleses mais fortes sobre a honra diz que existe honra entre ladrões. E isso é absolutamente verdade. Eu diria que uma das razões para haver honra entre ladrões é que os ladrões não têm outras formas de regulamentar o comportamento. Eles não podem recorrer à polícia para denunciar alguém. “Aquele cara não está respeitando o acordo que fechou comigo”. Simplesmente porque o trato é ilegal. Então, a honra é o único mecanismo que quadrilhas e ladrões têm. Não podem usar os mecanismos normais de controle social. Não podem usar a lei, não podem recorrer às opiniões dos outros, precisam ter a honra como um valor íntimo.
Silio Boccanera — Quando você menciona a importância da vergonha em diferentes sociedades, nos faz lembra dos japoneses, para quem a noção de vergonha é muito importante. Certamente mais do que aqui ou no Brasil.
Kwame Anthony Appiah — Parte do código de honra tradicional da elite militar no Japão previa que, se você falhasse em manter a honra, tinha que se matar. E isso foi transportado para o Japão moderno. Então, os jovens que não vão bem nas provas se matam com uma frequência maior do que em outros países. É uma sociedade em que a honra tem um grande poder. Mas é importante insistir que mesmo sendo uma sociedade em que a questão da honra é tão forte, não podemos achar que os japoneses têm honra e outros não.
Silio Boccanera — Como você sabe, há quem diga que, se você não for religioso, se não acreditar em Deus, ou o que seja, você não tem noção de moral, seu código de honra estará prejudicado e você não pode ser uma boa pessoa. E isso é duro de ouvir para ateus como você e eu.
Kwame Anthony Appiah — Nas culturas europeias, que eram basicamente cristãs por muito tempo, acredito que os filósofos se perguntavam o que aconteceria se um número significativo de pessoas abandonasse a religião. Agora a gente sabe. Sabemos que na República Tcheca, onde a maioria das pessoas declara não acreditar em Deus, há mais ou menos o mesmo nível de moralidade do que a Itália ou Espanha. Por isso, acho que era uma hipótese interessante essa de que a moralidade era dependente da religião. E, como uma ideia filosófica que foi corrente por muito tempo, a moral se resumia a um sistema de comandos de Deus. Se você não acreditasse em Deus, não era bom. Acho que essa nunca foi uma boa ideia. Acho que nem se você for religioso, você poderia pensar que moralidade é apenas uma questão de desígnios divinos. Porque isso significaria que se Deus ordenasse que você torturasse e estuprasse alguém, estaria tudo bem. Mas acho que está claro que as pessoas podem respeitar a moral sem que isso precise ser imposto por uma ordem divina. Também está claro que a honra guia as pessoas. Frequentemente leva pessoas religiosas a fazerem coisas que a própria religião diz que não deveriam fazer. Em nome da honra, por exemplo, em muitos lugares do mundo, como no Paquistão, Afeganistão, mulheres são mortas por parentes, por homens da própria família. Isso é proibido pela Sharia. A Lei Islâmica proíbe estritamente isso, mas a comunidade não liga. Eles se importam é com o fato de que, se você não fizer aquilo, você perde, a família toda fica desonrada. Se você não matar aquela garota que foi estuprada, a irmã dela não vai se casar, porque não vão querer uma esposa dessa família. E se você diz “espera aí, o Islã... É um país muçulmano, uma sociedade muçulmana e o Islã proíbe isso especificamente.” As respostas são curiosas. Encontrei na rede o comentário de um taxista de Peshawar conversando com uma jovem passageira, que mencionou o tema. E ele disse: “Quando se trata da honra, quem liga para religião?”
Silio Boccanera — Como você mencionou, a humilhação tem um papel importante nessa questão do código de honra, de moralidade. Lembro de entrevistar ativistas palestinos que jogavam pedras contra soldados israelenses e os soldados respondiam com metralhadoras. E perguntava: “Por que insistir nisso? Vocês estão jogando pedras e eles têm armas pesadas.” A resposta mais comum é “Quanta humilhação você aguenta?”
Kwame Anthony Appiah — Eu acredito que este seja um dos lados de um problema muito maior que enfrentamos no mundo atual. Fala-se de um confronto entre o Ocidente e o Islã e eu sou normalmente contra essas abstrações tão amplas. Mas acredito que há uma origem para este confronto, que acredito ser verdadeiro, ainda que possa ser apenas sonhado na imaginação das pessoas.
Silio Boccanera — Sem choque de civilizações.
Kwame Anthony Appiah — Não acredito em choque de civilizações, mas acredito que muitos veem isso como real, as pessoas se preocupam, pensam desse jeito. E parte do que está em jogo é o sentimento de muita gente no mundo islâmico de que foram derrotados historicamente pelo Ocidente. Sentem que foram, em dado momento, a civilização do mundo, mas foram substituídos pelas sociedades cristãs da Europa ocidental. Isso já seria suficientemente ruim. Mas o que é ainda pior é que eles são vistos com desconfiança por aqueles que substituíram a civilização deles. Sentem que não são respeitados. Eles se sentem profundamente humilhados. Aí é uma espécie de vingança dos despossuídos. Se podem, atacam os poderosos. E isso tudo é conduzido no vocabulário psicológico de honra ou vergonha, humilhação e a superação.
Silio Boccanera — E isso provavelmente tem um papel importante também na humilhação das vítimas de tortura. Quando se pensa em Abu Ghraib, Guantánamo, toda essa humilhação.
Kwame Anthony Appiah — O crime de tortura não é, como costumam dizer as vítimas, causar dor. As pessoas aguentam muita dor. É a humilhação infligida, porque essa fica. A dor vai embora. Você pode lembrar da dor, mas não sente mais. Já a humilhação leva muito tempo para ir embora. E ficar sentindo que você é um ser inferior mesmo você saiba que não é. É disso que se trata a tortura. E é por isso que é inadmissível. É uma coisa terrível a fazer com uma pessoa. O horror que permanece.
Silio Boccanera — Em algum ponto as coisas mudam. É o que você chama de revoluções morais. O que faz essa mudança acontecer?
Kwame Anthony Appiah — Quando você vê que algo está errado, normalmente isso não basta para que as pessoas façam a coisa certa. É preciso organizar as pessoas para que tenham um compromisso com uma nova forma de fazer. Nos casos que estudei, assim que o processo social começou, levou cerca de uma geração, é preciso cerca de 20 anos para que a mudança aconteça. Entre 1830 e 1850, na Grã-Bretanha, o duelo passou de algo que o primeiro-ministro podia fazer, e não havia problema, para algo que te faz parecer ridículo. De 1900 a 1920, na China, encolher os pés passou de algo que todas as famílias respeitáveis faziam para algo que nenhuma família respeitável faria. E sabemos todos que a escravidão foi algo aceito por muito tempo e hoje você seria visto como um monstro, passível de punição, se você tentar escravizar alguém. Eu poderia dizer que uma das coisas que acontece é uma mudança nas atitudes de honra, mas isso acontece através dos movimento sociais, da organização, das pessoas se juntando e assumindo compromissos com novas práticas.
Silio Boccanera — Um outro livro seu lida com a questão da identidade. Como as pessoas se veem e como são vistas pelos outros. Você mesmo tem múltiplas identidades: ganês, britânico, americano, ex-cristão, ateu, intelectual, gay, negro. E você parece bem confortável com todas elas. Você acha que existe uma pressão na sociedade para que adotemos uma identidade principal, talvez a nossa nacionalidade?
Kwame Anthony Appiah — Acho que muita gente acredita, contra todas as provas pelo que vejo, que há uma tensão inevitável entre os aspectos diferentes e complexos das nossas identidades. Em um livro sobre cultura africana, ressaltei que meu próprio pai era um cosmopolita, um patriota ganês, um grande defensor das Nações Unidas, um advogado, um metodista, membro leal de um grupo étnico, de um grupo tribal em Gana, mas um grande patriota assim mesmo. E quando ele negociava questões da vida, nunca me pareceu que houvesse um momento em que ele tivesse qualquer dúvida sobre como melhor lidar com isso tudo. Ele nunca parava pensando “Oh! Como posso ser um bom ganês e um bom cosmopolita?” ou “Como ser um bom ashanti e um bom ganês?”. Ele nunca teve essas tensões, e não acho que precisasse. Não quero dizer que as pessoas nunca tenham esse tipo de conflito. Claro que é possível, mas não precisam. E quando entram, frequentemente sabemos que caminho tomar. Descobrimos. Nos damos conta de que nesse contexto, o que importa é o fato de ser brasileiro. Então defenderei o Brasil. Ou num outro contexto, o que importa é que eu sou um ateu, então vou me fixar na minha identidade religiosa ou não religiosa. Identidades complexas são uma condição normal de uma pessoa moderna. Na França do ano 1400, havia cerca de seis ocupações. Você podia ser um ferreiro, um agricultor, um padre, um soldado ou um governante. Uma ou outra mais. Um padeiro talvez. Mas não apenas eram poucas as ocupações, como a maioria sabia que trabalho teria desde muito cedo na vida porque era o emprego que o pai ou a mãe tinha. E não apenas isso, eles sabiam com quem iriam casar, porque viviam num vilarejo, havia umas seis pessoas da mesma geração com quem poderiam casar. Eram apenas seis moças para cada jovem, ou seis rapazes para cada moça. E de uma forma ou outra, quando você completasse 16 anos, você sabia qual seria o seu par. Hoje vivemos num mundo onde minha mãe nascida num vilarejo da Inglaterra pode casar com meu pai, nascido numa cidade de Gana. Minha irmã, nascida numa cidadezinha de Gana, pode casar com um homem que nasceu na periferia de Oslo, na Noruega. Minha segunda irmã pode casar com um cara que cresceu entre o Reino Unindo e a Nigéria, e por aí vai. E minha irmã mais nova pode casar com tantos que eu não consigo nem acompanhar. Mas vindo de diferentes lugares. O primeiro marido dela era português, de Lisboa. São muitas as identidades e as pessoas lidam bem com elas todas.
Silio Boccanera — E a questão da raça no histórico da sua família, das pesquisas, educação e atuação como professor? Você teve experiências na África, Europa, Estados Unidos. Você esteve envolvido em debates sobre raça, discriminação, integração social. Qual é a sua avaliação dos programas sociais que tentam compensar deficiências históricas, como as ações afirmativas nos Estados Unidos, discriminação positiva, como chamam no Reino Unido. O que você pensa disso?
Kwame Anthony Appiah — Como você sabe, esses programas existem em muitos países. Na Índia, eles têm desde a independência o programa de fortalecimento dos direitos das chamadas castas mais baixas. Tem o programa de empoderamento negro na África do Sul, desde o fim do apartheid. Há muitas coisas desse tipo pelo mundo. E um dos argumentos dos críticos desses programas é que acreditam que os direitos deveriam ser individuais, e isso envolve o direito de grupos. E que direitos de grupo são, normalmente, algo ruim. Acho esse argumento falho. Não vejo nada de errado a priori com direitos de grupos. Quer dizer, é claro que há o mau uso da ideia do direito de grupo, e também o bom uso dessa ideia. Não creio que este seja um bom argumento. Mas acho que se você vai fazer algo como a ação afirmativa, na linha do que fizemos nos Estados Unidos, que fizemos em dois contextos distintos. No contexto do emprego e no contexto da educação. Acho que deveríamos pensar sobre esses dois aspectos separadamente. Olhe a educação, que eu acho que é para onde a ação afirmativa brasileira está sendo direcionada agora. A chave para a ação afirmativa em educação são duas coisas que eu acho muito importante ter em mente. Uma é: se você coloca uma pessoa em uma instituição para a qual ela não está preparada, você não está fazendo favor algum. Então, para ter uma ação afirmativa, é preciso preparar as pessoas que serão beneficiadas. Para dar o devido valor, aproveitar o que a instituição pode oferecer. Não faz sentido algum colocar alguém que não sabe ler na sala de aula de uma faculdade. É um desperdício de tempo. Você humilha a pessoa e ainda desacredita o programa, porque os que sabem ler vão dizer “O que é essa pessoa está fazendo?” Isso é muito importante. É preciso pensar nisso, é preciso atrais as pessoas. E se você quer inserir a pessoa, é preciso prepará-la para o que quer que ela esteja sendo direcionada na educação. A segunda coisa, e isso é um ponto positivo, é que faculdade não é apenas sobre a matéria. É uma preparação para a vida. E numa sociedade complexa multicultural e multirreligiosa, aprender a interagir com gente de todas as identidades na sociedade. Isso é algo que a educação deveria fazer e, por isso, a presença de gente de identidades diversas na sala de aula é um ativo. É um ativo educacional. Não é negativo, é positivo. É uma das coisas que podem deixar a sala de aula melhor.
Silio Boccanera — Você mencionou a necessidade de preparação nos dois casos, educação e emprego, mas você concorda com a ideia de que uma deficiência histórica precisa ou deve ser necessariamente corrigida?
Kwame Anthony Appiah — Então a pergunta é: ha injustiças históricas que precisam ser consertadas com a adoção de remédios baseados na ação de grupo? Esta é a pergunta, na verdade. E acho que a resposta é sim. Creio que a forma mais efetiva de ação afirmativa no Estados Unidos nunca é debatida. É a ação afirmativa que levou à presença das mulheres em profissões, em um número muito maior do que elas estavam quando o processo começou nos anos 60. As pessoas começaram a buscar mulheres. As mais sensíveis foram procurar por mulheres qualificadas, não achavam que podia ser qualquer mulher. E se não houvesse mulheres suficientemente qualificadas, pensavam em como deixá-las mais qualificadas. Foi uma ideia sensacional.
Silio Boccanera — Com bons resultados.
Kwame Anthony Appiah — Teve excelentes resultados. E o mais interessante, eu acho, é que também há uma argumento em defesa da diversidade em várias áreas de emprego, segundo o qual é importante ter um local de trabalho onde as principais identidades sociais da sua comunidade estejam representadas. Porque o que você faz, enquanto empresa, enquanto companhia de comunicação, ou escritório de advocacia ou hospital, o que você faz afeta pessoas de diferentes identidades de formas diferentes. E você quer saber, quer ser capaz de antecipar e pensar como vai ser. Se numa redação houver apenas homens, alguns deles podem até ser supersensíveis, talvez alguns deles possam descobrir como as mulheres do público vão reagir. Mas é mais provável que você consiga a resposta correta se você tiver por perto algumas mulheres para dizer “espere aí, isso não é a maneira que eu contaria a história.” O mesmo vale para a medicina e profissões jurídicas. Então você quer ter negros, brancos, gays, heterossexuais, homens e mulheres. Porque o que está em jogo no negócio pode ser diferente para pessoas de identidades distintas e você quer poder se relacionar como todo mundo. É o nosso objetivo, o objetivo é maximizar os lucros garantindo que bons resultados junto a qualquer pessoa que possa ser um cliente ou consumidor. E é por isso que muitas das grandes empresas de sucesso nos Estados Unidos são a favor de políticas multiculturais ou ações afirmativas. Dizem coisas como “Isso nos fortaleceu, nos fez melhores no que fazemos.” Quando não ajuda a desenvolver o trabalho, acho que é preciso decidir se você quer continuar fazendo aquilo. Como eu digo, não se trata apenas de um favor para alguém. Se você traz essa pessoa para um contexto onde ela não ajuda, ou não se ajuda. Isso também mina a credibilidade do negócio. Então é preciso fazer isso pensando muito, com responsabilidade e cuidado.
Revista Consultor Jurídico
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