Historiadores acreditam que Maria Bertoletti Toldini recebeu falsas acusações da família por disputa de herança. Tribunal de Brentônico irá analisar o caso
16 out, 2015
Italiana decapitada por bruxaria será julgada 300 anos depois
Inquisição teria matado cerca de 50 a 60 mil pessoas acusadas de bruxaria (Foto: Flickr)
O tribunal da cidade de Brentônico, na Itália, decidiu julgar um caso de uma mulher condenada à morte há 300 anos, sob a acusação de bruxaria. A iniciativa de reviver a história foi do ministro de cultura local, Quinto Canali. Para ele a análise tardia do caso de Maria Bertoletti Toldini é uma tentativa de retomar um período sombrio da história e retirar “seu romantismo folclórico”.
Maria foi presa em 1715, acusada de assassinar crianças, tornar a terra estéril e danificar um vinhedo local, além de blasfêmia e heresia. Foi decapitada aos 60 anos de idade. No entanto, um historiador afirma que a própria família dela pode ter feito falsas acusações devido a uma disputa por herança. O julgamento será feito com juízes familiarizados com as leis da época.
Para Canali, a questão tem uma grande importância histórica e há a necessidade de descobrir se o julgamento foi correto ou não. “Houve um assassinato que não se justificava, que não deveria ter acontecido. Mataram uma pessoa com motivações que não existiam. Ela era inocente”, afirmou o ministro, que teve a ideia de um novo julgamento após ver uma encenação cômica da morte de Maria na cidade.
O prefeito da cidade, Christian Perenzoni, é favorável ao julgamento e afirma que o custo da sessão será ínfimo. Apesar das críticas por parte da população, o prefeito defende a importância de reavaliar o caso como uma maneira de corrigir injustiças históricas cometidas contra mulheres.
Na época de sua morte, Maria era viúva e havia se casado novamente. Ela chegou a ser defendida por um advogado que argumentou que os crimes dos quais havia sido acusada tinham causas naturais. No entanto o tribunal considerou-a culpada e Maria acabou decapitada e seu corpo foi queimado.
Cerca de 50 a 60 mil pessoas morreram na Europa acusadas de bruxaria entre os séculos XV e XVIII, a maioria delas mulheres.
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