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quarta-feira, 10 de outubro de 2012


TV faz mal às crianças mesmo quando está em segundo plano


Pesquisadores americanos constataram que crianças passam até 5h30 por dia fazendo atividades em ambientes com uma televisão ligada. Especialistas afirmam que esse excesso de tempo é prejudicial à saúde

Nádia Mariano




Quatro horas. Esse é o tempo médio que crianças norte-americanas passam fazendo diferentes atividades, como comer, brincar e estudar, em ambientes com uma televisão ligada, segundo constatou uma pesquisa realizada pela Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos. Ao todo, 1.454 famílias, com crianças entre 8 meses e 8 anos, participaram desse levantamento, que é o primeiro a mensurar o tempo que as crianças passam com a TV ligada em segundo plano.

Para chegar a esse resultado, os pais responderam a questionários sobre as atividades realizadas por seus filhos em um período de 24 horas e se a televisão ficava ligada durante elas. Para a surpresa dos pesquisadores, quanto mais jovens as crianças, maior tempo de exposição. Menores de 24 meses passam 5h30 em ambientes com TV em segundo plano, enquanto aqueles entre 6 e 8 anos passam 2h45. 

Aqui no Brasil, apesar de não ter nenhum levantamento oficial como esse, já se sabe que é uma situação habitual nos lares. Em uma enquete feita pela CRESCER em nossa página no Facebook, apenas 10 das 107 mães que participaram responderam negativamente à pergunta: “Você costuma deixar a TV ligada em casa enquanto o seu filho brinca no chão da sala?”. 

Menos TV, mais interação

Essa pesquisa não explora as consequências da exposição indireta à TV, mas estudos anteriores sugerem que isso pode afetar a concentração e o comportamento e até interferir nas relações interpessoais. Em um deles, realizado pela Universidade de Massachusetts, também nos Estados Unidos, os pesquisadores observaram a interação entre dois grupos de filhos e pais. Um deles com a presença de uma TV ligada e outro sem o aparelho. Apesar de não estar assistindo - de fato - à programação, a primeira turma interagiu com menos frequência, e as brincadeiras das crianças eram mais breves se comparadas à outra turma. “As famílias acabam perdendo um tempo precioso de conversa por causa da televisão”, diz a terapeuta familiar Carmen Lúcia Pinheiro, do Rio de Janeiro. 

De acordo com o neurologista pediátrico Marcelo Masruha Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo, essa exposição é prejudicial à saúde e ao desenvolvimento das crianças, assim como se elas estivessem assistindo à TV. “Esse excesso de tempo atrapalha o desenvolvimento cognitivo. Para desenvolver a linguagem, por exemplo, elas precisam interagir mais com outros indivíduos do que ouvir a ‘máquina’ falando, porque não é a mesma coisa”, diz o especialista. 

A psicopedagoga Quézia Bombonato, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, levanta outra questão: “Hoje, nossas crianças são multitarefas, estão habituadas a lidar com diferentes estímulos, mas nem sempre isso é positivo”. Os ruídos externos e o atrativo visual inevitavelmente desviam o foco da criança e, por vezes, limita seu potencial criativo. “A televisão acaba competindo com as outras atividades. Se a criança está no meio de uma atividade lúdica e um comercial chama sua atenção, ela abandona a fantasia e se volta para a tela”, completa. Ou seja, a criança acaba ficando dividida. Isso não significa que ela não retomará a brincadeira, mas o problema é que essa falta de foco pode acompanhá-la durante a fase escolar e também na vida adulta.

Não há uma orientação para a quantidade de tempo em que a criança pode passar em um ambiente com uma televisão ligada, e sim o tempo máximo que ela deveria estar na frente de uma tela - o que, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria seria de 2 horas por dia. Isso inclui computador, tablet, televisão, videogame e celular. Assim fique de olho se a TV não está ligada enquanto o seu filho se diverte com um brinquedo. O melhor mesmo é desligá-la para que ele aproveite a brincadeira completamente. Se for junto com você, melhor ainda! 

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