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domingo, 30 de junho de 2013

Childhood Brasil apresenta estudo sobre proteção à infância na Copa

A pesquisadora Celia Brackenridge, do Centro de Esporte, Saúde e Bem-estar da Universidade de Brunel, Londres, afirmou que os atores envolvidos na proteção da infância devem trabalhar de forma integrada para a Copa de 2014.

Ela destacou também a necessidade de se construir ferramentas efetivas de monitoramento das ações realizadas.
As sugestões foram o desfecho da apresentação, nesta quarta-feira (19), do estudo inédito “Riscos e recomendações para a proteção da infância em grandes eventos esportivos”, que ocorreu no Seminário Avanços e Desafios para a Proteção à Infância na Copa 2014. O evento é promovido pela Childhood Brasil em parceria com a OAK Foundation, em Brasília, nos dias 19 e 20 de junho.
“É preciso planejar uma boa coalizão, deixando de lado a competitividade. A inspiração para essa coalizão deve estar baseada nos interesses das crianças e adolescentes, que estão acima de qualquer motivação pontual ou particular“, afirmou.
Para realizar o estudo, a pesquisadora buscou informações em quase 300 publicações, artigos e websites, analisou programas e intervenções de outras megaeventos esportivos e consultou mais de 70 especialistas na temática de proteção à infância e esportes.
Riscos
Na apresentação, Celia levou os participantes a refletirem sobre os principais riscos de violação aos direitos de crianças e adolescentes, apontados na literatura sobre o assunto:
- Busca de programas sexuais com meninas com menos de 18 anos em decorrência da migração de trabalhadores para as construções relacionadas ao evento;
- Impactos negativos sobre as crianças decorrentes da migração de adultos por trabalho;
- Cobertura da mídia minimizando as notícias negativas, assim reforçando a imagem positiva da Copa em um país;
- Abordagem e detenção ilegal de pessoas, inclusive crianças;
- Deslocamento de crianças das suas casas para locais temporários ou desconhecidos;
- Coerção de crianças para atividades ilegais, como tráfico de drogas, roubo e violência étnica;
- Extensões de feriados escolares, sem supervisão ou sem programas específicos para crianças; dentre outros.
Riscos específicos
Conforme o estudo, a literatura sobre o assunto indica que são riscos específicos para as crianças durante os grandes eventos esportivos: o trabalho infantil, os deslocamentos resultantes de desocupações para as obras de infraestrutura; exploração sexual e tráfico humano.

Sobre o trabalho infantil, o estudo verificou que algumas empresas, associadas legalmente ou não aos grandes eventos, ainda usam o trabalho infantil. Já a exploração sexual de crianças está relacionada a outros problemas sociais, como pobreza e violência doméstica, aponta o estudo. O tráfico humano de crianças associado aos eventos esportivos, analisou Celia Brackenridge, muitas vezes, está mascarado no problema entre os adultos, por isso,  é difícil de ser mensurado.
Falta de evidências
Na apresentação, a pesquisadora afirmou  que de fato há riscos significantes às crianças nos grandes eventos esportivos, embora não existam evidências concretas, que tragam a dimensão da quantidade de casos.

Segundo  Celia Brackenridge, a falta de dados está relacionada a três hipóteses: o problema não existe (hipótese mais improvável, de acordo com a análise); o problema é mascarado pelo foco na exploração de adultos (hipótese provável); e o monitoramento e a avaliação são fracos ou inexistentes (hipótese mais provável, segundo a pesquisadora e acordada pelos presentes no Seminário).
“É fundamental monitorarmos e avaliarmos as iniciativas de proteção desde o começo. A avaliação começa no dia 1, quando começamos a planejar”, concluiu a pesquisadora.

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