Por meio da análise de atividade cerebral, dispositivo identificou corretamente 84% das emoções de um voluntário
Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolveram um programa de computador capaz de identificar sentimentos e emoções. Através da análise da atividade cerebral de uma pessoa, o software consegue distinguir felicidade, tristeza, nojo e até desejo sexual.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Identifying Emotions on the Basis of Neural Activation
Onde foi divulgada: periódico Plos One
Quem fez: Karim S. Kassam, Amanda R. Markey, Vladimir L. Cherkassky, George Loewenstein e Marcel Adam Just
Instituição: Universidade Carnegie Mellon, EUA
Dados de amostragem: 10 estudantes de artes cênicas
Resultado: Os pesquisadores monitoraram o cérebro dos atores ao representar diferentes emoções, e criaram um algoritmo que identifica as emoções a partir da atividade cerebral.
De acordo com os pesquisadores, essa tecnologia pode colaborar para a melhor compreensão da depressão, autismo, esquizofrenia e transtorno da ansiedade. O estudo, realizado na Universidade Carnegie Mellon, foi publicado na última quarta-feira, no periódico Plos One.
A pesquisa foi realizada com a participação de dez estudantes de artes cênicas. Eles escreveram pequenas cenas para evocar as nove emoções escolhidas pelos pesquisadores: raiva, nojo, medo, luxúria, felicidade, orgulho, vergonha, inveja e tristeza. Os voluntários foram então colocados em um aparelho que gravava sua atividade cerebral e tiveram alguns segundos para representar mentalmente cada uma das emoções que eram pedidas.
Para avaliar se a atuação dos participantes era parecida com o sentimento verdadeiro, os pesquisadores fizeram um teste: mostraram a cada um deles 24 imagens, sendo metade delas neutras e outra metade com conteúdo que causava nojo ou repulsa. A atividade cerebral dos atores ao ver essas imagens foi semelhante àquela apresentada em cena – indicando a validade dos resultados do estudo.
Matemática emocional – Com base nos dados coletados de um dos atores, os pesquisadores desenvolveram um algoritmo capaz de prever quais padrões de atividade se relacionavam com cada sentimento. O programa apresentou uma média de acertos elevada, de 84%. Porém, os padrões relacionados a cada emoção parecem variar de uma pessoa para outra: ao utilizar padrões de uma pessoa para prever os sentimentos de outra, a média de acertos do programa caiu para 71%.
Ainda assim, os cientistas conseguiram definir três fatores principais na identificação de emoções. O primeiro é o fato de um sentimento ser positivo ou negativo – raramente o computador confundia felicidade com vergonha, por exemplo. O nível de "alerta" de uma emoção também foi um fator de diferenciação – ele torna, por exemplo, a raiva muito diferente da tristeza. O fator social também apresentou um papel importante: raiva ou inveja, que geralmente envolvem outras pessoas, se diferenciaram do nojo, que é mais "solitário".
O estudo mostrou, ainda, que o desejo sexual tem um perfil único de atividade cerebral, que se distingue das demais emoções. Ele não parecia ser nem negativo nem positivo, mas algumas regiões do cérebro eram ativadas apenas durante essa sensação. De acordo com os pesquisadores, uma explicação para isso pode ser o fato de que o desejo sexual está relacionado à reprodução, essencial para a perpetuação de uma espécie.
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