Entrevista: Campanha busca consolidar Dia Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes
Há oito anos em execução, a campanha 'Criança não é de Rua' tem contado com o envolvimento e a contribuição de diversos estados brasileiros para mudar a situação de jovens que vivem nas ruas. Em entrevista à ADITAL, o secretário geral da campanha, Bernardo Rosemeyer, disse que o momento agora é de consolidar o dia 23 de julho, data quando em 1993 aconteceu a Chacina da Candelária, no Dia Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes e avançar na elaboração de uma Política Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de crianças e adolescentes. Ele destacou a "a receptividade e a vontade dos estados brasileiros de enfrentar esta realidade”.
A Campanha Nacional Criança Não é de Rua é uma ação de mobilização nacional para desenvolver alianças e propostas a fim de erradicar a moradia de crianças e adolescentes nas ruas do nosso país. Para saber mais, acesse: http://www.criancanaoederua.org.br.
Adital - Nesses 8 anos de caminhada, que contribuições a Campanha Criança não é de Rua teve para esse debate? Como a sociedade em geral vem assimilando esse tema?
Bernardo Rosemeyer - A Campanha surgiu em 2005. Uma contribuição da Campanha foi tirar a problemática da invisibilidade; aglutinar os agentes sociais que estavam dispersos e desarticulados; realizar seminários em estados que nunca haviam se reunido para discutir esta situação; implantar em 10 estados uma ferramenta digital para realizar o diagnóstico do fenômeno (www.observatorionacional.net.br) e, a maior façanha: liderar o processo de construção da Política Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes, em curso no país. Nos surpreendeu a receptividade, a vontade dos estados brasileiros de enfrentar esta realidade. Se os estados não nos tivessem recebido, não haveria Campanha Nacional Criança Não é de Rua. Existe uma demanda e uma vontade de buscar soluções. O que nos impressiona é que o apoio vem tanto do poder público quanto da sociedade civil.
Bernardo Rosemeyer - A Campanha surgiu em 2005. Uma contribuição da Campanha foi tirar a problemática da invisibilidade; aglutinar os agentes sociais que estavam dispersos e desarticulados; realizar seminários em estados que nunca haviam se reunido para discutir esta situação; implantar em 10 estados uma ferramenta digital para realizar o diagnóstico do fenômeno (www.observatorionacional.net.br) e, a maior façanha: liderar o processo de construção da Política Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes, em curso no país. Nos surpreendeu a receptividade, a vontade dos estados brasileiros de enfrentar esta realidade. Se os estados não nos tivessem recebido, não haveria Campanha Nacional Criança Não é de Rua. Existe uma demanda e uma vontade de buscar soluções. O que nos impressiona é que o apoio vem tanto do poder público quanto da sociedade civil.
Adital - Qual a importância de consolidar o dia 23 Julho como Dia Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes?
Bernardo Rosemeyer - A criança e o adolescente em situação de rua constitui uma minoria muito peculiar com os direitos humanos básicos extremamente violados. Consideramos importante o dia 23 de julho (23 de julho de 1993 ocorreu a Chacina da Candelária) ser transformado no Dia Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes para que a sociedade se volte para o sofrimento destra parcela da população e lembre-se da enorme dívida social que temos para com ela. É um dia para avaliar os avanços e também para enxergarmos o que ainda temos que fazer para atender as necessidades destas crianças e de suas famílias.
Adital - As ações acontecerão em todo o Brasil? Como estão os preparativos e as mobilizações para o dia 23 de julho?
Bernardo Rosemeyer - Estamos nos articulando com nossos parceiros em todo o território nacional. Existe uma empolgação e uma consciência muito viva por parte daqueles que já participam da ação anual e por parte de quem realizará pela primeira vez a atividade. Nossa intenção é mobilizar no mínimo todas as capitais e mais algumas cidades de médio e grande porte onde existem crianças morando nas ruas.
Adital - O que deve ser feito para que diminua o número de crianças e adolescentes vivendo nas ruas?
Bernardo Rosemeyer - Estamos elaborando em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e nossa rede de parceiros da sociedade civil, uma política nacional com programas e ações muito bem definidas e focadas na garantia do direito à convivência familiar e comunitária. Por trás de cada criança abandonada nas ruas à própria sorte, existe uma família que foi abandonada pela ausência de políticas estatais e pela própria sociedade brasileira. Precisamos de uma política que devolva a dignidade para estas famílias, deste modo as crianças não precisarão voltar as costas para seu núcleo familiar. Temos certeza absoluta: investir nas famílias destas crianças é o caminho mais seguro para que elas não pensem em habitar as ruas e praças do país.
Adital - Um dos pontos centrais da campanha é a criação de uma Política Nacional de Enfrentamento à Situação de Rua de Crianças e Adolescentes. Pode falar um pouco sobre isso?
Bernardo Rosemeyer - Em 2005 começamos a percorrer o Brasil, convidando pessoas, instituições, governos, etc, para formar uma rede nacional com vistas a provocar o Estado brasileiro a acordar e ouvir os gritos das famílias brasileiras cujos filhos foram morar nas ruas. Foram dezenas de seminários, visitas a entidades que há décadas trabalham no atendimento a este público, articulações com o Sistema de Garantia dos Direitos das Crianças e adolescentes, enfim um esforço gigantesco que resultou na etapa atual que é uma parceria com o governo federal no sentido da elaboração da Política.
Temos em agosto um seminário nacional em Brasília com a participação de militantes, especialistas, adolescentes e vários profissionais para a consolidação das bases da futura política. Em seguida uma série de cinco seminários, um em cada região do país para que a construção coletiva deste sonho dos meninos e meninas do Brasil se torne realidade.
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